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Prepare-se para viver este momento denso da Última Ceia; por isso,
disponibilize todo seu ser (sentidos, razão, afetividade, coração) para “sentir
e saborear” este Mistério.
+ Suplique a Deus a graça da
fidelidade a seu Projeto de vida, mesmo nas dificuldades e na falta de apoio
dos outros.
+ Leia os
“pontos para a oração”: isso pode ajudar a aquecer o coração para viver mais
intimamente o encontro com o Senhor que está às portas de sua Paixão.
+ Deixe que as considerações abaixo façam-lhe sentir solidário(a) com
Jesus que, apesar das traições, mantém sua fidelidade ao sonho do Reino.
Mais uma vez a
liturgia nos convida a “fazer memória” desta Ceia tão especial. Jesus havia transitado por muitas refeições,
participado de muitas mesas (especialmente com os pobres e pecadores) e agora
Ele nos deixa uma “mesa” como marca dos seus seguidores. Mesa da partilha e da
inclusão, mesa da festa e da comunhão.
É em torno a esta mesa
que os(as) seguidores(as) de Jesus se constituem como verdadeira comunidade. Ao
recordar a vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus, os cristãos se
comprometem a prolongar os Seus gestos, atitudes, valores, compromissos...
“Fazer memória” de Jesus junto à mesa é comprometer-se com a vida; é colocar a
própria vida a serviço da vida.
Jesus quer cear com os
seus amigos e por isso precisam encontrar uma sala na qual haja espaço para estar juntos. O ritual pascal dá
lugar aos gestos simples que se fazem entre amigos: partilhar o pão, beber da
mesma taça, desfrutar da mútua intimidade, entrar no clima das confidências...
Jesus sempre buscou
companhia; havia nele uma necessidade irresistível de contar com os seus como
amigos e confidentes. Sua relação com eles vinha de longe: levavam longo tempo
caminhando, descansando e tomando refeições juntos, partilhando alegrias e
rejeições, falando das coisas do Reino.
E continuará
considerando-os como amigos, mesmo quando um deles irá traí-lo e os outros
fugirão.
Nos evangelhos, nós encontramos pessoas que não
faziam parte do grupo dos Doze e que revelaram uma presença que fez toda a
diferença junto a Jesus. Viviam o verdadeiro sentido do seguimento, sem buscar
prestígio, vaidade, poder, competição... Pessoas que se revelaram muito mais em
sintonia com Jesus e sua proposta de vida do que os Doze. Uma delas foi a do
homem do Evangelho de hoje: anônimo, mas deu sua contribuição decisiva e que
ficou registrada na história; sua casa foi o lugar onde aconteceu a última
Ceia.
Chama-nos a atenção,
no Evangelho proposto para hoje, a maneira como Jesus indicou aos discípulos o
local onde queria que a Ceia fosse
celebrada. Jesus mandou-os seguir um homem que encontrariam à entrada da cidade. Junto
a personagens conhecidos nos Evangelhos, outros, sem rosto, nem identidade, nem
protagonismo, surgem inesperadamente, deixando sua “marca”, como o desconhecido
homem que emprestou sua casa para que Jesus e seus discípulos pudessem celebrar
a Páscoa.
Anônimo perante a posteridade, sem
rosto, porque era seguido pelos que vinham atrás dele, este homem, de certo
modo e do modo certo, serviu a Jesus como a Igreja deve serví-Lo, sem perguntar
qual seria seu lugar à mesa.
O que teve lugar dentro de sua
casa, transformada no mais importante templo material da história humana, seria
mais do que suficiente para arrancar dele alguma expressão de vaidade capturada
pelo evangelista. Mas não. Não é isso que acontece na História da Salvação.
Oferece a casa sem perguntar quem
viria celebrar a Páscoa, sem pedir garantias, sem cobrar aluguel pelo espaço;
enquanto os sacerdotes e Judas pechinchavam o valor da vida de Jesus, este
desconhecido, por pura gratuidade, oferece sua casa ao mesmo Jesus. Certamente,
ele e sua família foram testemunhas desta ceia única e especial, e que será a
marca de todo(a) seguidor(a) de Jesus.
Jesus era da Galileia. Não tinha casa em
Jerusalém. Nos dias da festa de Páscoa,
a população de Jerusalém triplicava. Não era fácil para Jesus encontrar uma
sala ampla para poder celebrar a Páscoa junto com os seus mais íntimos. Ele
pede para os discípulos encontrarem uma pessoa em cuja casa decidiu celebrar a
Páscoa. O Evangelho não oferece mais informações e deixa que a imaginação
complete o que falta nas informações. Era um conhecido de Jesus? Um parente? Um
discípulo?
Aquele homem desconhecido que abriu sua casa para
Jesus representa todos nós; cabe a nós mostrar o caminho do local da Ceia, cabe
a nós preparar a mesa da partilha, abrir espaço interior para acolhida, indicar
o rumo que leva à casa do Pai. Orientadores(as) do povo de Deus, abrimos as
portas da grande sala e a confiamos ao Mestre para que realize, ali, o imenso
dom da Eucaristia, “como aquele que serve”.
Ontem o Evangelho falou da traição de Judas e
da negação de Pedro. Hoje, fala novamente da traição de Judas. Apesar da convivência de quase três anos, nenhum
dos discípulos ficou para tomar a defesa de Jesus. Judas traiu, Pedro negou,
todos fugiram. Mateus, no Evangelho de hoje, quer ressaltar que o acolhimento e
o amor de Jesus superam a derrota e o fracasso dos discípulos. Ele deixa
entender que nós podemos romper com Jesus, mas Jesus nunca rompe conosco. O seu
amor é maior do que a nossa infidelidade.
Estando todos reunidos pela última vez, Jesus
anuncia quem é o traidor. É "aquele que põe a mão no prato comigo". Para os judeus,
a comunhão de mesa, colocar juntos a mão no mesmo prato, era a expressão máxi-
ma da amizade, da intimidade e da confiança.
Mateus nos indica que, apesar da traição ser feita por alguém muito amigo, o
amor de Jesus é maior que a traição.
Poucas experiências
destroem alguém por dentro como a traição.
A traição que,
à primeira vista, pode parecer ser prejudicial apenas ao outro, de maneira
geral, vem acompanhada de um forte sentimento de culpa para o traidor. E ao
sentir a culpa pela traição, a pessoa entra em conflito emocional; algumas caem
até no desespero.
Aquele que traiu sofre, pois este não confia em si
mesmo, não consegue acreditar que mereça confiança. O traidor condena-se à
solidão e à culpa existencial, destrói-se e destrói todos ao seu redor,
culpando o mundo por seu sofrimento; trai-se a si mesmo, torna-se, aos seus
próprios olhos, um monstro, não merecedor de amor, o que o leva a trair mais
ainda.
Se a pessoa trai a si mesma, ela
fracassa em sua busca, frustrando-se na tentativa de realizar-se enquanto ser
humano. E, na ausência de respostas, angustia-se mais, trai mais, atropela os
outros que a amam, machuca a todos ao seu redor, procurando justificativas para
seus atos e destruindo-se a si mesma em cada nova tentativa de ser amada.
+ Leia
atentamente o relato do Evangelho indicado para hoje: Mt 26,14-25
+ Prepare-se
para uma contemplação. Com a imaginação, faça-se presente à cena, indo com os
discípulos para preparar o ambiente da Última Ceia.
+ Procure
ativar todos os sentidos: olhe as pessoas da cena, escute o que elas dizem,
observe o que elas fazem, saboreie o pão e o vinho dados a você por Jesus...
+
Participe, com alegria, deste evento único; deixe-se afetar por tudo o que
acontece durante a refeição. Reserve um momento de colóquio com Jesus,
expressando a Ele seus sentimentos.
+ Faça um colóquio ao Senhor: converse com Ele
sobre os sentimentos contraditórios que nascem da fidelidade d’Ele e da traição
de Judas.
+ Termine a oração,
dando graças a Deus por este momento tão intenso; se possível, registre os
apelos, luzes, inspirações, que brotaram da oração.
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