domingo, 20 de junho de 2021

Distanciamentos que Matam

Texto do Pe. Adroaldo Palaoro, SJ (Centro de Espiritualidade Inaciana), como sugestão para rezar o Evangelho do 13º Domingo do Tempo Comum (Ano B).

“...aproximou-se de Jesus por detrás, no meio da multidão, e tocou na sua roupa” (Mc 5,27) 

O evangelho deste domingo diz respeito, de uma maneira especial, às mulheres de qualquer idade e condição; mas sua mensagem é universal e não é dirigida somente a elas.

Impressiona-nos ver Jesus buscando a libertação radical das pessoas, de tudo aquilo que possa ser um obstáculo em suas relações, crescimento pessoal, realização total.

Se considerarmos unicamente sua capacidade de curar enfermidades, nossa visão de Jesus seria muito superficial, sem captar o desejo dele de despertar em cada pessoa sua identidade mais profunda.

Ele, no seu “ministério terapêutico”, livre das ataduras da cultura, das leis, dos costumes e até da imagem de Deus alimentada pelas autoridades religiosas, é capaz de olhar cada pessoa e ver nela uma filha de Deus. Por isso, o evangelho nos revela, através de seus ensinamentos e de suas obras, a mensagem profunda de Deus de querer que seus filhos e filhas se desenvolvam em plenitude e alcancem a felicidade.

O evangelista Marcos, neste domingo, nos situa diante de duas mulheres, ambas no limite da vida: a hemorroíssa leva doze anos enferma (o tempo de maturação de uma mulher), e a adolescente que está no desabrochar da vida (doze anos é a entrada na vida adulta, conforme a visão desse tempo). São suas feridas que as conduzem para o interior do amor de Deus. Por essa abertura, elas se sentem aceitas e amadas.

Por isso, nessa dupla atuação curativa de Jesus, cada um dos detalhes revela uma infinidade de mensagens diante das quais podemos nos deter para “saborear” alguma delas, e assim nos ajudar no nosso caminho de identificação com Ele.

Vamos dedicar atenção especial ao encontro de duas sensibilidades: a de Jesus e a da mulher com hemorragias. A cena é surpreendente. Marcos nos apresenta uma mulher desconhecida como modelo de fé para as comunidades cristãs. Dela, todos poderão aprender como buscar a Jesus com fé, como chegar a um contato sanador com Ele e como encontrar nele a força para iniciar uma vida nova, cheia de paz e saúde.

A mulher é anônima, está sozinha, arruinada e junto dela não se vislumbram parentes ou amigos. Não é coxa, não é cega, não está paralítica, não é pobre, não é pagã.

Só sabemos que padece de uma enfermidade secreta, tipicamente feminina, que lhe impede viver de maneira sadia sua vida de mulher, esposa e mãe. A religião e o contexto social lhe impõem um distanciamento desumanizador; a lei religiosa está destruindo esta mulher, sem oferecer-lhe nenhuma saída de esperança; existencialmente é considerada como morta: não há lugar para ela em nenhum ambiente.

A mulher está quebrada por dentro; arrasta um drama secreto. Leva uma vida oculta que ninguém conhece. Sua perda de sangue, além de torná-la estéril, encaminha-a para a morte e a situa no mundo da impureza, da vergonha e da desonra. Quer amar e não pode. Espalha “impureza”; segundo sua lei, converte em impuro tudo o que toca. Ela é toda angústia, é toda amargura. Sua ferida interior a corrói em silêncio. “...tinha sofrido nas mãos de muitos médios, gastou tudo o que possuía e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais” (v.26). 

Sofre muito, física e moralmente; sua vida está se esvaindo, secando, não têm forças para viver, sente-se separada dos outros. Seu dom, o sangue que possibilita gerar e nutrir outra vida nova, se converte em seu peso e em motivo para ser rejeitada por muitos. Excluída das relações, é submetida ao juízo social e ao isolamento.

No entanto, ela resiste a viver para sempre como uma mulher enferma. Está sozinha. Ninguém lhe ajuda a aproximar-se de Jesus, mas ela saberá como encontrar-se com Ele.

Não espera passivamente que Jesus se aproxime dela para lhe impor as mãos. Ela mesma toma a iniciativa e o busca. Vai superando todos os obstáculos, faz tudo o que pode e sabe.

A angústia armazenada leva-a a romper com sua Lei; ela tem de prescindir da instituição religiosa para aproximar-se de Jesus, por sua conta, saltando sobre todas as normas. Cansada de sofrer física e moralmente e alimentando um profundo desejo de ser curada, rompe com todos os protocolos sanitários que a separavam dos outros, inclusive de Deus, e busca a quem possa lhe devolver a saúde. Para isso, ousa transgredir as normas de distanciamento social, abre caminho por entre a multidão para se aproximar de Jesus, de quem muitos lhe haviam falado.

A mulher não se contenta só em ver Jesus de longe. Busca um contato mais direto e pessoal. Atua com determinação, mas com pudor e delicadeza. Não quer atrapalhar ninguém e nem interromper o caminho de Jesus. Aproxima-se dele por detrás, entre as pessoas e lhe toca o manto. Nesse gesto delicado se concretiza e se expressa sua confiança total na força sanadora de Jesus.

Toca e se deixa tocar por Ele para poder experimentar a cura e a paz em seu interior.

“Quem tocou na minha roupa?”, perguntará Jesus. A mulher é chamada a sair de seu esconderijo, a romper o tabu que a marginalizava, a colocar um fim na cumplicidade existente entre sua vergonha e a rejeição social.

Jesus não aceita essa situação “às escondidas”, à qual a mulher estava condenada por um tabu, de modo que, fora de seu costume habitual, Ele concede ao milagre o caráter de publicidade.

Ela é convocada por este Homem a depositar fé em si mesma como mulher. Doravante já não será mais uma “mulher impura”, mas uma filha muito amada. “Filha, a tua fé te curou”.

Para Jesus, não basta curá-la, e não fica satisfeito enquanto não estabelecer com ela um diálogo interpessoal, no qual ela lhe diz “toda a verdade”. A cura recebida abarca, pois, não somente seu corpo, mas também seu espírito, seus temores e sua vergonha, que desaparecem na confiança do diálogo e na experiência de ser reconhecida, escutada e compreendida.

Ela esperava ser salva na passiva, mas Jesus emprega o verbo na ativa, e situa nela a força que a salvou: a mulher vai embora, não apenas curada, mas tendo escutado uma bem-aventurança por causa de sua fé e tendo recebido o nome de “filha”, um título familiar raro nos Evangelhos. “Minha filha, a tua fé te curou; vai em paz e fica curada dessa doença” (v. 34)

A hemorroíssa é a única pessoa nos evangelhos à qual Jesus chama “filha”. Porque estava separada de qualquer relação, Jesus estabelece com ela o vínculo mais forte que experimentou: chama-a “filha”, como Ele mesmo se sentiu chamado de “filho” pelo Pai, no batismo. Ele está batizando esta mulher; ela está nascendo para uma nova vida.



Texto bíblico: Mc 5,21-43

Na oração:

O relato deste domingo também nos faz penetrar nos meandros da fé, convidando-nos a crer que nossa força reside precisamente em nossos limites e fragilidades, reconhecidos e assumidos.

A Revelação nos diz que Deus tem mais facilidade de entrar em nossas vidas pelas feridas, fracassos, derrotas... e não pela porta das virtudes, da perfeição, do legalismo...

- Fazer “memória redentora” de suas “feridas existenciais” como oportunidades para quebrar todos os protocolos, inclusive religiosos, e se aproximar de Jesus para tocá-lo. Talvez, basta um “toque” para o despertar de outras energias e inspirações e, assim, viver com mais intensidade e sentido.

A Força Sedutora das “Margens”

Texto do Pe. Adroaldo Palaoro, SJ (Centro de Espiritualidade Inaciana), como sugestão para rezar o Evangelho do 12º Domingo do Tempo Comum (Ano B).

“Vamos para a outra margem!” (Mc 4,35) 

O evangelho deste domingo fala de movimento, de deslocamento em direção a outras perspectivas, de saída dos próprios espaços de proteção e segurança, para acolher outras vidas, outras histórias, abrir-se ao novo, ao diferente. Que significa, para cada um, a outra margem? Desde logo, não há resposta padrão; ela é muito pessoal, como é pessoal a adesão à pessoa de Jesus. Convite pessoal e comunitário, de relação amistosa profunda, para encontrar n’Ele nossa segurança e, assim, continuar a vida com mais inspiração.

É uma grande riqueza ir às margens de nossos irmãos, não como turista, mas como peregrinos.

Jesus convida a todos nós a cruzar o mar em direção à outra margem. Estamos tão acostumados em nossa margem rotineira que não é fácil arriscar e fazer a travessia; nem sequer estamos convencidos de que exista outra Margem, mais além das comodidades e das seguranças que buscamos. No entanto, nossa meta está do outro lado do risco e do perigo. A falta de confiança continua sendo a causa de não nos atrevermos a dar o passo; resistimos acreditar que Ele vai em nossa própria barca.

“A nossa fé não é uma fé laboratório, mas uma fé caminho, uma fé histórica. Deus se revelou como história, não como um compendio de verdades abstratas... Não é preciso levar a fronteira à casa, mas viver em fronteira e ser audazes” (Papa Francisco).

Entrar na barca com o Mestre significa “embarcar” na vida d’Ele, correndo riscos de sofrer rejeições, abalos e tempestades.

O contexto social pós-moderno desencadeou uma complexa turbulência em todos os domínios da vida, gerando novos desafios para a adaptação do ser humano a seu ambiente. As pessoas sentem-se cada vez mais ameaçadas, por realidades externas e internas, a sensação de insegurança aumenta e torna-se mais indefinida; por conseguinte, os níveis de ansiedade e angústia são cada vez mais elevados, conduzindo a verdadeiras situações de ruptura e desespero.

Reforçam-se e elevam-se os gradeamentos, mudam-se e sofisticam-se as fechaduras, as pessoas armam-se, as sociedades ficam cada dia menos seguras e estáveis. É um círculo dramático e infernal cujo resultado é o desenvolvimento crescente de uma espiral de medo, de violência, de stress..., tornando as pessoas insensíveis, passivas e conformadas.

É com esta situação que temos de aprender a lidar e a conviver. De fato, a pressão rotineira vivida cotidianamente nos diferentes ambientes demanda uma enorme competência e uma capacidade de adaptação diante de situações altamente adversas, agressivas e até violentas.

Como seguidores(as) de Jesus que bebemos das fontes do Evangelho, duas são as “margens” que nos seduzem, nos mobilizam e nos fazem chegar onde outros não chegam ou encontram dificuldades para chegar; estas duas “margens” constituem a originalidade de nossa vivência cristã e de nossa missão no mundo de hoje: a “margem” da interioridade e a “margem” da universalidade. São “margens” que nos humanizam, pois nos mobilizam a “descer” em direção àquilo que é mais humano, em nós e na realidade que nos interpela.

Em primeiro lugar, “passar para a outra margem” nos evoca o chamado a assumir um deslocamento social e religioso que tem um componente de risco e mudança. Implica sair do conhecido, abandonar as próprias seguranças; mudar de lugar, geográfico e/ou existencial, ir aonde ainda não temos ido e enfrentar uma travessia incerta; e, por último, atrever-nos a entrar em contato com o diferente e desconhecido e aceitar ser transformados. Esse desafio hoje nos sacode e pode gerar em nós inquietude e desassossego, como a tormenta que ameaça os discípulos depois de entrarem na barca.

Precisamos também fazer a travessia em direção à outra margem de nós mesmos, aquela que não costumamos visitar. Descobrir nosso tesouro escondido: a quantidade de qualidades e recursos que ativamos com mediocridade, ou simplesmente não usamos. Porque, se nos níveis mental e emocional tendemos a nos instalar, no mais profundo, no entanto, nos habita o desejo do “mais”, que nos impulsiona, a partir de dentro, numa expansão aberta a horizontes cada vez maiores.

A “outra margem” é a novidade do presente, a descoberta incessante, a amplitude sem limites. Mas só poderemos começar a cruzá-la se estivermos dispostos a deixar nossos caminhos trilhados e nos entregarmos com docilidade à Vida – outro nome de nosso “mestre interior”.

O primeiro desejo de chegar à outra margem nasce de dentro, do coração, que entende sua missão como busca e peregrinação interior, como um colocar-se em movimento...

Sair da margem conhecida, “velha”, rotineira... para encontrar a nova margem: lugar de relação, de questionamento, de criatividade, de encontro com o novo e diferente…

A outra margem, lugar provocador, incitador, que desperta curiosidade... Aqui brotam as grandes experiências religiosas, as intuições, projetos, ideais vitais.

Caminhar para a outra margem é sair do centro, da segurança, da acomodação... e ir em busca das surpresas, das novas descobertas; implica arriscar, ter ousadia, não ter medo de caminhar para os “confins da terra”, para regiões desconhecidas em seu próprio interior...

Precisamos, para isso, ativar nossa “inteligência espiritual”, como a capacidade que nos permite acessar e conectar com essa dimensão profunda, à qual nos referimos com o termo “espiritualidade”.

Aderir à pessoa de Jesus, portanto, é arriscar-nos à travessia do mar da vida; não estamos sozinhos; talvez nos encontramos perdidos em alto mar esperando resgate e não somos capazes de perceber que no interior de nossa barca há uma presença que nos pacifica. Ao chegarmos à outra margem descobriremos uma experiência pessoal e comunitária de fé na pessoa de Jesus, que nos ressuscita por dentro, que nos injeta vida nova e alegria profunda.

No entanto, é na vivência da adversidade que se dá o encontro das oportunidades para o crescimento.

Muitas vezes, são justamente as circunstâncias adversas, extremamente difíceis, que despertam na pessoa as condições mais criativas, que enriquecem suas possibilidades práticas de atuar sobre a realidade em que vive e transformá-la ou transformar-se.

Isto quer dizer que, diante da adversidade, a pessoa mobiliza um conjunto de recursos dos quais não tinha consciência anterior, mas cujo efeito é potencializador de crescimento e enriquecimento pessoal.

Texto bíblico: Mc 4,35-41

Na oração:  

Nas nossas vidas acontece algo de verdadeiro e belo quando nos dispomos a buscar dentro de nós mesmos a razão da nossa existência.

- A nossa vida é um êxodo, um sair constante de uma realidade para entrar em uma outra realidade nova.

O peregrinar é o elemento determinante e com maior valor simbólico para toda a vida.

- Existem ainda céus por explorar, aventuras por empreender, pensamentos por experimentar e experiências por aceitar; falta-nos ainda muito por saber, por ver, por sentir, por desfrutar...

- No “mapa espiritual” de nosso interior ainda existe uma “terra desconhecida”, que desperta interesse à vida, suscita curiosidade, nos põe a caminho...  Grandes surpresas interiores estão à nossa espera, e a capacidade de continuar buscando é que dá sentido ao esforço e vigor à vida.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

ANSIEDADE: tempo tenso e estéril

Texto do Pe. Adroaldo Palaoro, SJ (Centro de Espiritualidade Inaciana), como sugestão para rezar o Evangelho do 11º Domingo do Tempo Comum (Ano B).

“...e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece” (Mc 4,27)

 

O mundo no qual vivemos, feito de códigos e números, de tecnologia e de anonimato, de frios cálculos e de robots telecomandados..., conduz a uma vida em contínua aceleração; isso faz com que todos adoeçam de ativismo, de competição, de eficientismo; o excesso informações tira o sabor das coisas, instaura uma cultura que não flexibiliza a vida interior e o recolhimento, não cultiva afetos, emoções e sentimentos.

Tal como Marta, “andamos inquietos e perturbados com muitas coisas; mas uma só é necessária” (Lc 10.41). Precisamos nos conceder espaços de calma para provar a verdade, contemplar a beleza, saborear os inestimáveis valores presentes na gratuidade e no dom desinteressado, alimentar-nos de valores humanos e cristãos que, impregnados de futuro, tornam bela a vida de hoje.

Os tempos e os ritmos de vida mudaram muito. Nós estamos muito distantes da quietude e da calma do mundo rural; hoje predomina a eficácia, a pressa, a ansiedade. A eficácia sempre tem pressa. Mas as coisas da vida requerem tempo, calma e sabedoria.

Os evangelhos estão cheios de referência à vida. As sementes também nos falam de vida. Um grão de trigo, um grão de mostarda são sementes humildes, pequenas, mas cheias de vida. A vida da semente é calada, silenciosa, paciente: vai crescendo pouco a pouco, desenvolvendo toda sua vitalidade.

A vitalidade da semente não depende do trabalho e dos esforços humanos; ela está cheia de vida em si mesma. As sementes, as plantas, as árvores não crescem de uma vez só, nem com saltos espetaculares, mas pouco a pouco, humildemente.

O agricultor não escava desesperado a terra, forçando o crescimento da semente que ali deixou, mas distancia-se dela sabendo que há um tempo necessário de separação para que a planta, no seu ritmo, possa nascer e crescer. Toda semeadura supõe que é preciso saber esperar (esperança) com calma e paciência.

Não podemos ter urgências morais, nem precipitações nas mudanças pessoais, sociais, pastorais..., porque pode nos invadir a ansiedade e esta pode gerar medo, angústia..., pois pretendemos solucionar as coisas com uma insaciável pressa e avidez.

O ser humano pós-moderno está perdendo o contato com o cosmos, com o chão, com os animais, com a natureza... e isto provoca-lhe todo tipo de mal-estar, de doenças, de insegurança e de ansiedade.

Prestemos atenção aos diferentes ritmos na sinfonia da vida. A natureza tem seus ritmos: o do dia e o da noite, as quatro estações, o crescer das espigas, o canto dos pássaros, o transcurso de um rio... Nossa vida tem os seus ritmos e somos chamados a distingui-los: se uma mulher está grávida, viverá um ritmo; se alguém está enfermo, descobrirá outro ritmo diferente; quem vive um luto por uma separação ou por uma morte, terá outro ritmo...; a amizade, o estudo, o trabalho... marcam ritmos diferenciados. Não se pode comparar o ritmo de uma criança com o do ancião, ou do adolescente com o ritmo do adulto. É diferente o ritmo do Sul e do Norte, o ritmo de cada povo....

Quando forçamos o tempo biológico para apressar demais o passo e antecipar recursos para uso imediato, o gasto de energia envolvido na operação pode arruinar a nossa própria vida.

Há um defeito na atividade que costuma tirar de nós a riqueza espiritual e convertê-la num “ativismo insensato”, sem vida interior e sem criatividade. Trata-se da ansiedade.

O nosso “eu profundo” é ferido por um permanente estado de alerta, exigências de obrigações pendentes e expectativas à espreita. Estamos perdendo aquela paz essencial nas profundezas do nosso ser, aquele repouso sem preço na qual os elementos mais delicados da vida se renovam e se confortam.

As demandas, a tensão, a pressa da existência moderna, perturbam a destroem esse precioso repouso.

Este “nervosismo” chamado ansiedade é uma espécie de pressa interior permanente. Sentimos uma necessidade imperiosa de resolver rapidamente todos os problemas, como se todas as coisas fossem urgentes ou indispensáveis. É um problema relacionado com o tempo.

Tratamos a vida com a mesma ansiedade que se abate sobre nós nos cinzentos corredores de espera, nas filas administrativas, nos engarrafamentos do trânsito. Tornamo-nos viciados em assuntos rapidamente fechados, incapazes de acolher o surpreendente “novo” que o sabor da vida insistentemente propõe.

Sabemos que, quando há ansiedade, há desordem. Como a mente está cheia de projetos e vive antecipando-se às coisas, nessa multidão de pensamentos reina uma grande confusão, e nada é bem-feito.

Além disso, a ansiedade nos torna superficiais, porque nos leva a passar rapidamente de uma atividade a outra, sem nos aprofundarmos em nada. O coração ansioso não é capaz de deter-se em coisa alguma. Não suporta a quietude. E assim não pode apreciar o sabor mais agradável das coisas.

Há no evangelho deste domingo um chamado dirigido a todos e que consiste em plantar pequenas sementes de uma nova humanidade e de uma nova inspiração no cotidiano de nossas vidas. Jesus não fala de coisas grandes. O Reino de Deus é um dinamismo muito humilde e modesto em suas origens. Presença que pode passar tão desapercebido como a menor semente, mas que é chamada a crescer e frutificar de maneira inesperada.

É bom envolver-nos nas atividades cotidianas e tirar maior proveito delas. Mas, às vezes, a ansiedade nos leva a sermos demasiadamente dependentes dos resultados do trabalho. Queremos ver rapidamente os frutos de nosso esforço. E assim escapa-nos o prazer de podermos agir com serenidade e paz.

É necessário saber planejar e prevenir, mas sem pretender prever e controlar tudo. É uma grande sabedoria saber desfrutar das pequenas coisas que temos ou que podemos fazer agora, sem pensar nas que não temos. Na ansiedade por querer conseguir certas coisas e abarcar tudo, acabamos criando dependências egocentradas e a vida vai se acabando sem ser vivida.

Então, nossa ação deixa de ser fonte de satisfação e plenitude. Por isso terminamos nos enfraquecendo, enchendo-nos de angústias inúteis e esquecendo-nos que “com a divina consolação todos os trabalhos são prazer e todas as fadigas são descanso” (Carta de Santo Inácio de Loyola a Teresa Rejadel).

A familiaridade com Deus na relação com todas as coisas do cotidiano, não implica fadiga ou ansiedade, senão que é uma maneira de viver aquela paz e plenitude considerada como verdadeiro descanso.

Toda atividade humana, perpassada por uma “espiritualidade” inspiradora, deve ser motivada, antes de tudo, pela força interior do amor, que lhe dá uma qualidade, um sentido e um valor particulares.

O desafio é buscar maneiras de encontrar a serenidade em meio às nossas frenéticas vidas, de abrir em profundidade nossa cotidianidade para poder nos submergir no ritmo tranquilo de Deus; encontrar-nos com Ele para que seja o centro de nossa vida e caminhar a seu lado. Oxalá sejamos capazes de captar os detalhes da paisagem de nossa vida para descobrir em tudo as pegadas do Senhor! E, embora vivamos neste mundo onde tudo se move tão rápido, podemos fechar os olhos e sentir que Ele nos conduz pela sua mão.

Textos bíblicos: Mc 4,26-34

Na oração:

Tente escutar o universo infinito; acima, abaixo, ao seu redor. Entre em profundo silêncio para perceber a vibração de todos os elementos: terra, ar, água, fogo. Tudo vibra, tudo está cheio de ondas luminosas, sonoras. Tudo é silêncio e tudo é escuta. Sinta-se presente no meio deste diálogo entre céu e terra... para escutar, falar e orar.

- Seu ritmo cotidiano é marcado pela ansiedade, pressa, estresse...? Há espaço para o silêncio, a contemplação?

- A partir do silêncio do seu coração, plante no seu cotidiano, sementes de humanidade: proximidade, acolhida, compaixão, paciência, paz...

Coração de Jesus, a revolução da ternura

 Texto do Pe. Adroaldo Palaoro, SJ (Centro de Espiritualidade Inaciana), como sugestão para rezar o Evangelho e se preparar interiormente para a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus (Sexta-feira, 11/06/2021)

“...porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós” (Mt 11,29)

 

O mês de junho, dentro da Igreja católica, é também conhecido como o “mês do Sagrado Coração”, cuja solenidade é festejada na sexta-feira posterior ao segundo domingo depois de Pentecostes. Desde as origens desta devoção o que se busca comemorar e celebrar é o Amor de Deus, manifestado de um modo original na história concreta de Jesus de Nazaré.

Jesus viveu sempre a partir de seu coração e contagiou a todos com a força poderosa de seu amor e de sua entrega. Ele nasceu com um coração de carne, ou seja, humano, absolutamente divino. Nele se realizou definitivamente a promessa de ser o coração de todos, o centro nevrálgico da humanidade.

Jesus foi o homem para os outros, que teve coração, um coração não de pedra, mas de carne. Sua vida, um sinal do bem amar, do saber amar. Mas, sobretudo, Jesus, em seu Coração, revelou a profundidade mesma do ser humano e de Deus. Nele estava a fonte do Espírito que brotava como água fecunda até a vida eterna.

Graças à Encarnação, o Filho de Deus trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, sentiu com vontade humana, amou com coração humano.

O Coração de Jesus nos fala de iniciativa, de liberdade, de entrega absoluta e amor profundo; recorda-nos como Deus, por sua pura iniciativa, pelo compromisso com os homens e mulheres de ontem, hoje e amanhã, sai de si para encarnar-se em meio ao nosso mundo, acampando em meio à nossa realidade histórica e cotidiana. Seu Coração nos revela que sua Vida implica um movimento de saída, que provoca encontros pessoais, que transforma a vida daqueles (as) que o seguem, abrindo-lhes novos horizontes, ampliando a visão e descentrando-os de sua própria lógica.

Seu coração aberto é o lugar por onde voltamos a Deus com todos, onde aprendemos quem é Ele e quem somos nós. É um caminho que nos faz passar do temor à confiança, da ansiedade ao abandono, do reter a própria existência a entregá-la, do medo à liberdade, da morte a uma vida sem fim.

O evangelho deste dia mostra um dos mais vivos exemplos de coração agradecido que podemos encontrar. Jesus, que acaba de passar por uma profunda experiência de rejeição por parte das cidades da Galileia, explode no canto que começa: “Eu te louvo, Pai, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos”.

O coração de Jesus é sustentado, alimentado, irrigado pelo amor cuidadoso e providente do Pai.

É no coração que também nós, seus (suas) seguidores (as), poderemos estar em segurança, profundamente repousados. É no coração, “última solidão do ser”, que decidimos por Deus e a Ele aderimos.

Aqui Deus marca “encontro” com cada um de nós. “Deus é mais íntimo a cada um de nós do que nós mesmos” (Santo Agostinho).

O Coração de Jesus continua sendo expressão central da fé cristã, expressão do amor de Deus para com o ser humano. O Papa Francisco usa, com frequência, uma expressão carregada de intensidade: “revolução da ternura”. Sem dúvida, a “mansidão” e a “ternura” definem radicalmente o sentir e o atuar de Jesus.

A revolução da ternura nos convida a acompanhar, curar e acolher, a partir de nossa realidade, aqueles que nos rodeiam, a viver investindo nossos melhores recursos em favor dos outros.

Hoje, essa proposta simples, mas de profunda marca evangélica, responde à desumanização que estamos vivendo. Essa revolução da ternura nos convida a sair de nós mesmos, a colocar nossa vida a serviço do irmão, a entrar no fluxo do Amor de Deus, fazendo chegar a tantos que dele necessitam, através de nossa mão, de nossa presença cheia de ternura; assim vivendo, nos convertemos em transparência profunda do próprio Coração de Jesus.

Segundo a tradição bíblica, o que mais nos desumaniza é viver com um “coração fechado” e endurecido, um “coração de pedra”, incapaz de amar e de crer. Quem vive “fechado em si mesmo”, não pode acolher o Espírito de Deus, não pode deixar-se guiar pelo Espírito de Jesus.

Quando nosso coração está “fechado”, nossos olhos não vêem, nossos ouvidos não ouvem, nossos braços e pés se atrofiam e não se movimentam em direção ao outro; vivemos voltados sobre nós mesmos, insensíveis à admiração e à ação de graças. Quando nosso coração está “fechado”, em nossa vida não há mais compaixão e passamos a viver indiferentes à violência e injustiça que destroem a felicidade de tantas pessoas. Vivemos separados da vida, desconectados. Uma fronteira invisível nos separa do Espírito de Deus que tudo dinamiza e inspira; é impossível sentir a vida como Jesus sentia.

Quando vivemos a partir do coração, escutamos com mais paciência, olhamos com cumplicidade, tocamos com ternura, sofremos com fortaleza, assumimos o risco com naturalidade, misturamos nossa vida com a dos outros e avançamos em comunidade realizando projetos solidários.

Assim, confessamos que o Coração de Jesus foi tão humano que o veneramos como “Sagrado”. Contemplando-o na totalidade de seus sentimentos, poderemos modelar o nosso coração, cristificando-o (“aprendei de mim...”). Do mesmo modo, conhecendo as dinâmicas, as paixões, as dimensões sombrias e as luminosas de nosso coração, poderemos nos aproximar, um pouco mais, do mistério da pessoa de Jesus, onde Ele deixou transparecer a alegria e a tristeza de ser homem, através desse coração tão humano e tão sagrado.

Jesus convida a entrar no seu amplo e solidário coração, para que possam “descansar”, todos aqueles (as) a quem a vida insiste em negar-lhes um sentido, aqueles(as) que são vítimas de uma sociedade tão desumana, aqueles(as) que já não sentem mais forças e se sentem sozinhos(as) e rejeitados(as), aqueles(as) que não tem outro motivo para se alegrar a não ser em Deus...

Uma devoção ao Coração de Jesus que não nos conduz a estabelecer novas relações humanas, prolongando o modo humano de ser e de viver de Jesus, torna-se uma devoção vazia, estéril, marcada por uma piedade alienante e alienada.

Texto bíblico: Mt 11,25-30

Na oração:

Todos estamos no coração de Cristo. Todos estamos no Amor de Deus.

Todos fomos introduzidos na Sagrada Humanidade d’Aquele que, sendo Deus, se fez semelhante a nós para que possamos todos nos sentir n’Ele.

O coração se revela como imagem de amor, de humanidade, de entranhas compassivas. Identificamos as pessoas por seu bom coração, por suas entranhas de misericórdia.

- Você deixa transparecer seu coração na relação com as pessoas? As atividades que você realiza tem coração?

terça-feira, 1 de junho de 2021

José, o homem do Discernimento

Texto 8 (e último) da série elaborada pelo pe. Adroaldo Palaoro, sj sobre a vida e missão de São José que poderá ser usada como subsídio para melhor viver o ano de São José (2021) decretado pelo Papa Francisco na Carta Apostólica "Patris Corde".

“De forma análoga a quanto fez Deus com Maria, manifestando-Lhe o seu plano de salvação, também revelou a José os seus desígnios por meio de sonhos, que na Bíblia, como em todos os povos antigos, eram considerados um dos meios pelos quais Deus manifesta a sua vontade” (Papa Francisco – Patris Corde)

 

Os relatos “da infância de Jesus” (Mt e Lc), não são crônicas de acontecimentos, não são “história” no sentido que hoje damos à palavra. São “teologia narrativa”.

Os relatos bíblicos nos revelam que Deus dirige a história. Para isso se serve de pessoas eleitas. Cada vez que há um acontecimento importante na história da salvação, ali aparece um homem ou uma mulher como mediadores da obra de Deus ou transmissores de sua vontade.

O acontecimento mais importante da história da salvação é o Nascimento do Filho de Deus. Para “fazer-se homem”, Deus precisava de uma família. O nome de José está profundamente ligado ao mistério de Jesus. E se o anjo é um sinal de que Deus se faz presente na vida de uma pessoa para comunicar-lhe algum de seus desígnios, Deus mesmo se fez presente a José, por meio de seu anjo. Segundo o evangelho de Mateus, José é a pessoa a quem primeiro lhe é revelado o mistério que sua esposa guardava em seu ventre.

Quantas coisas acontecem envolvidas pela noite e pelo mistério!

Enquanto o agricultor dorme, na noite rompe-se a casca e cresce a semente lançada na escura terra, acompanhada de renovadas expectativas e esperança.

Tudo começa na noite: na noite dos pensamentos, dos corações, das intenções, das esperas, dos encontros.

Eis o mistério, eis a noite! A noite, a nossa noite, é habitada por Aquele que vem.

Até na noite da desolação, na solidão, no deserto, é possível encontrá-Lo.

Deus revelou seus planos a S. José através dos “sonhos”, que na Bíblia eram considerados como um dos meios pelos quais Deus manifestava sua vontade; hoje Deus manifesta seus planos através dos “sinais dos tempos”, que não se centram no sonho, mas na vigilância.

Contemplando a noite de José, nosso coração se alarga até o assombro, nossos braços se abrem para a acolhida, nossos olhos se aquecem ao reconhecer Àquele que vem e na brisa pronuncia o nosso nome. Nas sombras da vida Ele se faz encontrar, na solidão revela sua presença, na fragilidade mostra seu rosto.

O mistério da Encarnação de Jesus, sem dúvida, significou também “a paixão vivida por José, esposo de Maria”. Momentos de angústia, de dúvida; momentos de obscuridade em seu coração; momentos de pura fé na palavra de Deus.

José, assim como Maria, vai além da lógica e das condições humanas; também ele termina se apresentando como “o servo do Senhor”, dizendo em seu coração: “faça-se em mim segundo tua palavra”.

Como a Maria, Deus também diz a José: “Não tenhas medo de receber Maria como tua esposa”.

Há homens que são importantes não pelo que fazem, mas pelo que são no coração. Há homens que são grandes não por suas grandes ideias, mas por acolher a lógica de Deus, que quebra toda lógica humana. José foi o homem humilde como carpinteiro de um povoado; mas José foi grande por ser o “homem da fé”.

Em São José, a obediência se situa entre o escutar e o ver. Dizer “obediência” (de ob-audire) é afirmar a capacidade-dever de “escutar” humildemente a todos e a tudo. A obediência “é uma narração conjunta com Deus, daquilo que alguém via, ouvia e entendia, mais que uma submissão da vontade”.

Do que foi dito, se conclui que a mística da obediência não é a mística da submissão, senão que, como em José, é a mística da responsabilidade; responsabilidade que questiona a liberdade, não a que se fecha sobre si mesma, mas “em relação” que, para ser tal, deve evitar a unilateralidade da “escuta”.

Deus é encontrado, não na estrada suntuosa do domínio e do triunfo, mas na estrada do desapego, da doação, do despojamento e da fragilidade. Para entrar em sintonia com sua Vontade e deixar-se conduzir pelo seu Anjo, não é preciso estar coberto de títulos honoríficos, nem envolto pelo manto de obras realiza-das; é preciso, isto sim, ser como José, sem títulos e sem riquezas, mas justo e humano, como o seu Filho que “não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida”.

Como costuma acontecer com todas aquelas pessoas às quais lhes são confiadas missões importantes, José é um homem discreto. Sua presença é silenciosa. Na relação de José com Jesus, poderíamos aplicar a ele estas palavras: “é preciso que ele (Jesus) cresça e que eu diminua” (Jo 3,30).

Não podemos entender a presença de José em função de si mesmo, mas a serviço de Jesus e de seu mistério. Saber estar em função de outro não é fácil, mas é um dos modos mais belos de amar. O silêncio de José não tem nada de ingênuo. É o silêncio daquele que escuta atentamente para assim poder servir melhor.

José, “homem justo”: para alguns o têrmo é sinônimo de “delicadeza ou piedade”, para outros signi-fica “respeito, reverência” em relação ao mistério de Maria; para outros ainda, é um título jurídico, ou seja, “obediente à lei”.  Sabemos que o “Justo” por excelência é Deus, fiel à Aliança e que, com constância, continua seu projeto salvífico, apesar das rupturas provocadas pela infidelidade humana.

José e “justo” porque se ajusta ao modo de agir surpreendente de Deus. É “justo” porque se abre para o infinito, inspirando-se em Deus mesmo, o Justo; à justiça exterior, farisaica, ele opõe a justiça da fé e do coração. Portanto, o termo justo quer indicar a abertura e a adesão à ação suprema de Deus.

 

Nesse sentido, José se coloca na linha das grandes figuras da história da salvação. Sua vida é um exemplo de silenciosa dedicação ao Reino.

Este José é hoje o homem do discernimento, e nos alegramos que ele tenha se mantido firme e mudado seus critérios para estar a serviço da Vida. Também nós somos “josés” em tempos de obscuridades. Também nós, algumas vezes, nos encontramos em momentos de obscuridade, marcados por dúvidas e crises, pensando em fugir, abandonar a missão. É normal que, ao adentrar-nos em nosso próprio mistério, nos encontremos com nossos medos e preocupações, nossas feridas e tristezas, nossa mediocridade e incoerência.

Mas Deus quer atuar em nós e através de nós; Ele sempre conta conosco para uma nobre missão.

Não devemos nos inquietar, mas permanecer no silêncio. A presença amistosa, que está no mais íntimo de nós, irá nos pacificando, libertando e sanando.

Este mistério último da vida é um mistério de bondade, de perdão e salvação, que está em nós: dentro de todos e cada um de nós. Se o acolhemos em silêncio, conheceremos a alegria de viver.

Na vida, há muitos momentos nos quais só cabe o silêncio, em vez do alvoroço, só cabe a serenidade, em vez da precipitação; cabe a nós renunciar aos nossos próprios critérios e esperar que Deus fale.

Isso pede de nós confiança total, muitas vezes sem compreender nem conhecer o “por quê e o como”; o decisivo é “deixar-nos fazer” por Deus, deixar-nos conduzir por Aquele que, a partir do mais profundo de nós mesmos, abre um horizonte de sentido e de surpresas.

Aprendamos de José a abrir nosso interior e deixar-nos surpreender por Deus.

Textos bíblicos: Mt 1,18-24; Lc 12,54-59; Is 50,4-11

Na oração:

Deus nunca deixa de atuar no meio das nossas noites, dúvidas, provações. Ele conhece nossos pensamentos e temores. E, no momento certo, nos liberta dos  nossos medos e nos dá a conhecer sua Vontade.

- Recordar momentos de dúvidas, incertezas, desolações..., mas que lhe ajudaram a amadurecer na fé e na adesão ao projeto de Deus.

- Diante de pequenas ou grandes decisões: há espaço e tempo de discernimento? de escuta atenta?