sábado, 11 de abril de 2020

Silêncio e Espera

Hoje é dia de silêncio. A Palavra disse tudo o que tinha a dizer. Mas “quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. O Silêncio também fala: hoje é sábado, shabbat, repouso do Senhor.

Segundo a fé, o mundo existe porque o Deus-que-tudo-pode escolheu criar, trabalhando. Mas, ainda segundo a fé, o mundo só existe como um lugar onde o Amor pode brotar livremente, porque o Deus-que-tudo-pode desejou gerar, parando. O Amor verdadeiro nunca se impõe... Ele crê e espera. Sim, o Deus-que-tudo-pode, porque é Amor, crê e espera.

Hoje é um dia para crer, esperar e, pouco a pouco, aprender a amar. Ao cair da noite, talvez nosso coração comece a perceber que, em Jesus, o Amor filial foi fiel ao Amor paterno até o fim. Até o shabbat. Ele também, neste sábado, repousa, crê, espera.

Jesus, o Filho Amado, viveu a Vida de seu Pai. Amou, trabalhando. Mas também amou, parando. Deixou-se parar. Por nós, pecadores; para nós, perdoados. Como Ele poderia criar um espaço para nós em sua intimidade com o Pai se não aceitasse e escolhesse, simplesmente, parar? Parar para que outros existam, e existam de um jeito inédito - e não como cópias de si!

Ontem e hoje, os poderes imperiais ignoram esta lógica. Ontem e hoje, os poderes religiosos também têm dificuldade de entendê-la. Será que seremos capazes de aprender a parar, por amor?

O Amor cria espaços em si, aceita rasgar-se, não teme a morte, pois ela também, como todo o resto, pode ser assumida e transformada pelo Dom. Graças ao Crucificado, neste sábado, em silêncio, nas profundezas de nossos túmulos interiores, algo radicalmente novo está sendo gerado em nossa humanidade cansada, amedrontada e ferida.

Paremos, creiamos, esperemos. Ele, hoje, quis repousar por nós!



Texto do Pe. Francys Silvestrini Adão SJ via Facebook

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