“A casa inteira encheu-se do aroma do perfume”
+ Prepare-se para a oração, criando um clima de silêncio e escuta
amorosa.
+ Concentre a atenção no
seu interior: sinta o pulsar do coração e o ritmo da respiração.
+ Permaneça, por uns
instantes, saboreando o silêncio do seu coração, pois onde há silêncio, aí está
Deus presente.
+ Peça a Deus a graça de poder transformar a sua casa
em nova
Betânia: casa da acolhida, da amizade, da partilha solidária, da
convivência sadia...
+ Antes de “entrar em
contemplação”, leia os “pontos” abaixo:
Neste início de Semana
Santa, o Espírito nos leva a viver Betânia,
a ser Betânia, a assumir Betânia:
- Casa de
hospitalidade e de escuta, onde todos somos irmãos sentados à mesma mesa, junto
ao Mestre, o único Senhor, em quem se centra nossa hospitalidade e nossa
escuta;
- Lugar de descanso,
como foi para Jesus, onde encontra humanidade, calor humano, compreensão,
alívio;
- Lugar de passagem,
onde se recupera forças para viver situações de Páscoa;
- “Casa dos pobres” (Beth-anawim):
nela, em primeiro lugar, habitam nossas pobrezas pessoais e comunitárias, nossa
pequenez e nossa fragilidade; mas, também, onde a dor de nosso mundo, da
humanidade, têm lugar e tocam nosso estilo de viver, de nos relacionar, de nos
confrontar em nosso seguimento de Jesus;
Jesus, perseguido pelos poderes civil e
religioso, vai a Betânia, na casa das suas amigas Marta e Maria e de Lázaro.
Mesmo sabendo que a polícia estava atrás de Jesus, os três irmãos receberam-no
em casa e ofereceram-lhe um jantar. Acolher em casa uma pessoa perseguida e
oferecer-lhe um jantar era perigoso. Mas o amor faz superar o medo.
Betânia é, para Jesus,
o lugar da acolhida, da hospitalidade, da escuta, da amizade e do serviço. Ali,
Ele expressa as atitudes humanas presentes na cotidianidade de uma família que
Ele amava e que O amava.
Betânia é, para Jesus,
um prolongamento de Nazaré, o lugar do cotidiano, do pequeno, do simples: o
lugar da revelação.
Neste ambiente, já não há mais
rivalidade entre as duas irmãs, Marta e Maria, mas colaboração e
complementariedade. Juntas se fazem transparentes para algo maior que elas
mesmas. Certamente Jesus deixou “refletir” em sua vida o que viu fazer estas
duas mulheres.
Os discípulos levavam muito tempo
com Jesus e nenhum tinha feito com Ele o que estas duas mulheres fizeram.
Ninguém lhe havia manifestado gestos de tanto amor. Elas estão totalmente
presentes à Jesus; aceitam o que vai acontecer e o acompanham. Marta servindo a
mesa e as mãos de Maria acariciando e ungindo os pés de Jesus. E Ele deixando
que elas o façam. Um gesto que Judas julgou e a Pedro lhe custou receber.
Marta e Maria
expressam sua amizade e fazem com Jesus o que Ele logo fará com seus discípulos
no momento de sua despedida: os serve à mesa e lava seus pés. Jesus se deixou
fazer, para poder fazer isso com outros e quis tomar para si os gestos destas
mulheres para fazer memória de sua vida.
Impressiona-nos que
neste relato elas não falam, e expressam todo seu amor “mais em obras que em palavras”
(S. Inácio).
Em lugar do cheiro da morte, a casa inteira
enche-se do aroma do perfume. O perfume de Maria é o símbolo da vida e do amor
de cada um. É um amor que não tem preço e está sempre voltado para os pobres.
Aqui, no centro do Evangelho de
João, a comunidade, reconstruída no amor, exala o bom perfume que enche toda a
casa.
“À luz de Betânia e de
nossa realidade quais perfumes derramar para superar o mal odor dos nossos
ambientes?”
O que cheira mal entre
nós, seguidores(as) de Jesus: medo do risco e do novo, medo de perder
seguranças; medo de equivocar-nos, de experimentar outras maneiras de
viver; medo de enfrentar situações
desafiantes na sociedade, medo da dor e da morte...
Cheira mal as
seguranças petrificadas, o imobilismo. Cheira mal a indiferença e a acomodação,
sobretudo diante das necessidades de nosso mundo. Cheira mal a desesperança
frente a um futuro incerto.
Há um forte mal odor
dentro de nossas “bolhas mofadas”; custa-nos reforçar laços, alimentar
solidariedade, entrar em sintonia com a paixão da humanidade. Preferimos conservar a arriscar; percebemos a
inércia e a falta de renovação séria e profunda, uma falta de abertura frente
ao diferente, uma perda de tempo gasto em estéreis conflitos entre pessoas,
grupos, gerações, dentro de nossas famílias e comunidades.
Detrás destes maus
odores, vamos tomando consciência do que os causa, isto é, uma série de
atitudes, que necessitariam ser trabalhadas com o aroma de Cristo, fonte de vida nova, de libertação e de
transformação. Algumas destas atitudes são: individualismo, ativismo,
indiferença, preconceito, consumismo, intolerância...
A casa de Betânia se
enche do “esbanjamento” do amor, da ternura, da misericórdia frente ao mal odor
da violência, da exclusão, do orgulho autossuficiente.
Junto a Jesus, somos desafiados a
esbanjar a vida com Ele, isto é,
viver em e a partir da comunhão com o Deus da vida. Viver, em definitiva, como
Jesus viveu, ou seja, Ele “derramou”, doou toda sua vida através de um
compromisso real para fazer visível o amor de Deus.
Assim na experiência cristã, a vida
se “derrama” para tornar visível o amor de Jesus a toda pessoa humana. Um
“esbanjamento”, muitas vezes, incompreensível para tantos contemporâneos
nossos. Eles nos lançam um duro questionamento: não seria a vivência cristã uma
espécie de desperdício de energias humanas, um desperdício de talentos?
+ Leia, com calma, a
cena do Evangelho indicado para este dia: Jo 12,1-11
+ Com sua imaginação “faça-se
presente” na casa em Betânia: veja as pessoas, escute o elas dizem,
observe o que elas fazem. Deixe-se “afetar” pelo ambiente simples e acolhedor
desta casa.
+ Procure
identificar-se com os personagens desta cena:
- Com Jesus
Mestre, queira fazer-se mais humano e próximo;
- Com
Marta, queira professar a fé e servir na gratuidade;
- Com
Lázaro, queira passar da morte à vida e caminhar na liberdade do Espírito;
- Com
Maria, queira quebrar os frascos e derramar o perfume da escuta e do amor.
+ Enfim,
inspirando-se na casa de Betânia, desejar fazer de sua casa: espaço da mesa
compartilhada, lugar da unção e do cuidado, ambiente que exala perfume da
amizade, da gratidão, do amor...
+ Faça a
revisão da oração e anote os sentimentos mais profundos que brotaram na sua
visita à Betânia
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