Texto do Pe. Adroaldo Palaoro, sj (Centro de Espiritualidade Inaciana), como sugestão para rezar e meditar os acontecimentos da Semana Santa: DOMINGO DE PÁSCOA - RESSURREIÇÃO DO SENHOR.
“Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago e Salomé,
compraram perfumes para ungir o corpo de Jesus. E bem
cedo, no primeiro dia da semana, ao nascer do sol, elas foram ao túmulo” (Mc 16,1-2)
+ Na alegria da ressurreição, prepare a oração,
criando um clima de profunda intimidade com o Ressuscitado.
+ Suplique a Deus o dom da alegria com Cristo
Ressuscitado; que a experiência da Ressurreição o(a) impulsione a viver com
mais intensidade em comunhão com toda a humanidade e toda a Criação.
+ Antes de contemplar o relato das mulheres que foram ao sepulcro de madrugada, repasse os “pontos” seguintes:
- As mulheres revelaram uma presença fundamental nos relatos da Páscoa. Elas seguiram e serviram a Jesus com seus bens pelos caminhos da Galileia e permaneceram fiéis até o final, até a Cruz. São testemunhas, como tantas mulheres de hoje, da fidelidade nas situações limite, onde o que lhes toca fazer é estar e acompanhar, na sua impotência e luto, até que emerja o inédito. São testemunhas da semente do amor entregue, que, embora invisível no ventre da terra, vai pouco a pouco abrindo caminho para a luz, afastando pedras e abrindo espaços, dando à luz o novo, porque o Deus de Jesus não é um Deus de mortos, mas de vivos.
- Frente à traição e a ausência dos discípulos, as mulheres foram significativas por sua
lealdade. Enquanto o grupo de homens se trancou na passividade covarde, elas
optaram pelo enfrentamento da realidade, vencendo o medo, colocando-se a
caminho.
Das mulheres que foram ao sepulcro na manhã de
Páscoa levando perfumes podemos
aprender sua capacidade de enfrentar os acontecimentos com sabedoria e audácia.
Elas são as mulheres “mirróforas”, ou seja,
portadoras de perfumes, que madrugam para ir ungir o corpo de Jesus. São
conscientes do tamanho da pedra e de sua impossibilidade de removê-la, mas isso
não é um obstáculo em sua determinação de ir ao túmulo para fazer memória
d’Aquele que abriu para elas um horizonte de sentido.
A alusão ao “primeiro dia da semana” e o “nascer do sol” acompanham a entrada delas em cena, na madrugada da Páscoa: estamos no começo da Nova Criação e a luz da Ressurreição as envolve em seu resplendor.
- Quem busca, encontra; as mulheres foram as
primeiras que viram este instigante sinal: a grande pedra tinha sido removida e
o túmulo estava vazio. E foram as primeiras a “entrar”.
Entraram no túmulo: esta
foi a experiência das discípulas de Jesus, ou seja, entraram no mistério que
Deus realizou com sua vigília de amor. Não se pode fazer a experiência da
Páscoa sem “entrar” no mistério.
As mulheres aprenderam uma lição inesquecível: é
inútil busca Jesus no lugar da morte.
O cenário da morte carece de respostas. A busca deverá ser feita no espaço onde se desenvolve a vida. As mulheres entendem que corresponde a elas tomar a iniciativa e tirar da covardia o grupo de discípulos, transmitindo um encargo a todos os que abandonaram Jesus e, em especial, a quem chegou a renegá-Lo: “...dizei a seus discípulos e a Pedro...” (v.7).
- Agora, finalmente, Marcos cita os discípulos. Através das mulheres, eles receberão o encargo de Jesus. Elas se converteram em mensageiras da boa notícia; elas assumiram o protagonismo e relançaram o projeto do Reino a partir da grande intuição de Jesus: na Galileia começou a história e ali deverá ser reiniciada. Seguir as pegadas do Galileu confirma que Ele vai adiante guiando os seus seguidores e seguidoras. Percorrer seus passos garante ao grupo a experiência de contar com Ele: “Ele irá à vossa frente, na Galileia; lá vós o vereis, como ele mesmo tinha dito” (v.7).
- Voltar à Galileia significa retomar
e prolongar a mensagem e a proposta do Reino de Jesus. Foi ali na Galileia que
Jesus começou sua vida pública e atuou como aquele que veio aliviar o
sofrimento humano, com a certeza de que o Reino tinha chegado e que Deus faria
mudar a maneira de vida dos homens, partindo precisamente dos mais pobres e
excluídos. Dessa forma, inicia-se um grande “movimento humanizador”,
a partir de baixo, ou seja, dos últimos e pobres, anunciando e preparando a
chegada do Reino na Galileia.
- Esta volta à Galileia marca o começo da nova comunidade dos seguidores e
seguidoras de Jesus. A partir desse lugar deve iniciar-se o novo caminho do
seguimento.
Por isso, os(as) discípulos(as) devem entrar em
sintonia com o modo original de ser e de viver de Jesus na Galileia. É ali que
se devem encontrar todos os que são de Jesus (Pedro, as mulheres, os discípulos
de Jerusalém), para também ali retomar e prolongar o movimento iniciado pelo
Mestre de Nazaré.
Mas é sobretudo através do “modo cristificado de ser e viver” que os(as) seguidores(as) de Jesus exalam um bom odor, criam uma atmosfera perfumada ao seu redor.
- Assim, às vezes nos encontramos com ambientes que
nos cativam e atraem, que desprendem um aroma agradável e prazeroso. São
ambientes nos quais reina a acolhida, o diálogo amoroso, o compromisso, a
simplicidade. Sempre agrada ficar por mais tempo. Nossa memória parte dali
amavelmente carregada com energia salutar e nossos pulmões saem repletos de ar
purificado, limpo...
Também existem outros ambientes cujo ar é irrespirável, fétido, com mau odor. São lugares onde há competições, agressividade e violência, onde as pessoas são manipuladas; são atmosferas arrogantes, infectadas, intolerantes, vazias. Saímos dalí meio asfixiados, desejando não querer voltar mais.
+ Como as
mulheres “mirróforas”, tome consciência dos aromas que deve levar para
perfumar os ambientes com odor de morte, de rigidez, de indiferença, de medo...
para que se transformem em espaços com cheiro de vida, de liberdade, de ternura
e acolhida.
+ Quê
aromas prepara e espalha em sua casa, em sua comunidade, em seu ambiente?
+
Diante do Ressuscitado faça um profundo colóquio, expressando toda sua alegria
e seu desejo de viver intensamente em favor da vida de todos.
+
Registre e dê nome aos sentimentos de consolação.
Mensagem final: Todos nós cristãos, fomos ungidos com o óleo santo no batismo, fomos besuntados e massageados com um bálsamo cristificante. Por isso trazemos a força sanadora do perfume de Cristo, para sermos presenças diferenciadas em lugares que cheiram à morte e poder manifestar a beleza da vida cristã com a qualidade do nosso aroma. Somos uma fragrância que é o símbolo da vida, e que, derramada em favor das pessoas, inunda o mundo, comunicando a salvação. Páscoa é expandir o perfume da vida que nos envolve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário