Setembro vem chegando florido e, para nós católicos, é o mês
dedicado à Bíblia. Mais algumas pessoas me indagaram porque um mês para a
Bíblia? A finalidade deste mês temático é para que povo católico se aproxime
mais das Sagradas Escrituras, no cotidiano e no trabalho a leia e medite, a
conheça e aprofunde os seus conhecimentos bíblicos, promovendo cursos bíblicos,
etc.
São Pedro ensinou que: “Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia
da Escritura é de interpretação pessoal porque jamais uma profecia foi
proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito
Santo falaram da parte de Deus” (2 Pd 1,20-21). A Carta aos Hebreus nos lembra
de que que “a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada
de dois gumes, e atinge até à divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas,
e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12).
O mês da Bíblia de 2017 é dedicado ao estudo da Primeira Carta de
São Paulo aos Tessalonicenses. Tem como fundamento anunciar o Evangelho e dar a
própria vida. Tema: para que n´Ele nossos povos tenham vida – Primeira Carta
aos Tessalonicenses. O tema do mês da Bíblia é “Ser Discípulos Missionários de
Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida”, em sintonia com o
Documento de Aparecida.
Lema: Anunciar o
Evangelho e doar a própria vida (cf. 1Ts 2, 8)
Uma sugestão seria a realização de quatro encontros comunitários
neste mês. Pode-se acessar o site das Paulinas [https://www.paulinas.org.br/loja/anunciar-o-evangelho-e-doar-a-propria-vida]
e baixar gratuitamente um trecho do fascículo. “O fascículo tem como objetivo
proporcionar aos grupos de reflexão e círculos bíblicos um encontro pessoal e
comunitário com a Palavra, a partir da Primeira Carta de Paulo aos
Tessalonicenses. O subsídio contém quatro encontros precedidos por um texto
preparatório sobre o texto bíblico abordado.
1) O primeiro
encontro reflete sobre a identidade cristã, que é revelada a partir da fé, da
esperança e do amor, virtudes que sustentam a vida pessoal e da comunidade (1Ts
1,2-10).
2) O tema da
edificação do trabalho como dignidade para a vida (1Ts 4,9-12) é abordado no
segundo encontro.
3) A vinda do Senhor
e a crença na ressurreição são os temas do terceiro encontro, elementos que
revelam a esperança cristã (1Ts 4,13-5,11).
4) O quarto encontro
retrata a comunidade cristã, vivida na alegria, em oração e no discernimento
(1Ts 5,12-22). O último encontro é reservado para a celebração de encerramento,
fazendo memória dos quatro encontros anteriores”.
No estudo da Palavra de Deus, na sua leitura, na sua “lectio
divina” Deus escuta aos homens e mulheres e responde às suas inquietudes. Nesse
sentido é sempre bom lembrar o que nos ensina a Igreja: “Neste diálogo com
Deus, compreendemo-nos a nós mesmos e encontramos resposta para as perguntas
mais profundas que habitam no nosso coração. De fato, a Palavra de Deus não se
contrapõe ao homem, nem mortifica os seus anseios verdadeiros; pelo contrário, ilumina-os,
purifica-os e realiza-os. Como é importante, para o nosso tempo, descobrir que
só Deus responde à sede que está no coração de cada homem! Infelizmente na
nossa época, sobretudo no Ocidente, difundiu-se a ideia de que Deus é alheio à
vida e aos problemas do homem; pior ainda, de que a sua presença pode até ser
uma ameaça à autonomia humana.
Na realidade, toda a economia da salvação mostra-nos que Deus fala
e intervém na história a favor do homem e da sua salvação integral. Por
conseguinte, é decisivo, do ponto de vista pastoral, apresentar a Palavra de
Deus na sua capacidade de dialogar com os problemas que o homem deve enfrentar
na vida diária. Jesus apresenta-se-nos precisamente como Aquele que veio para
que pudéssemos ter a vida em abundância (cf. Jo 10, 10). Por isso, devemos
fazer todo o esforço para mostrar a Palavra de Deus precisamente como abertura
aos próprios problemas, como resposta às próprias perguntas, uma dilatação dos
próprios valores e, conjuntamente, uma satisfação das próprias aspirações.
A
pastoral da Igreja deve ilustrar claramente como Deus ouve a necessidade do
homem e o seu apelo. São Boaventura afirma no Breviloquium: «O fruto da Sagrada
Escritura não é um fruto qualquer, mas a plenitude da felicidade eterna. De
facto, a Sagrada Escritura é precisamente o livro no qual estão escritas
palavras de vida eterna, porque não só acreditamos mas também possuímos a vida
eterna, em que veremos, amaremos e serão realizados todos os nossos
desejos”(cf. Verbum Domini, 23).
Vivamos o mês da Bíblia anunciando o Evangelho, testemunhando a
Palavra de Salvação com a coerência de nossa vida iluminada sempre pelas
escrituras sagradas. Que Deus assim nos ajude!
D. Eurico dos Santos Veloso (Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG)
Fonte: Rádio Vaticana
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