Durante o mês de julho publicaremos semanalmente um texto para celebrar a vida e memória de Santo Inácio de Loyola. Esse texto também estará disponível em áudio (podcast) no canal Rezando o Evangelho no Spotify e em outras plataformas de áudio.
O segundo texto aborda de maneira sintética a Companhia de Jesus como legado da vida e trajetória de Santo Inácio de Loyola. Boa leitura! Que Santo Inácio nos ensine a ser e buscar sempre o Magis!
As experiências espirituais e peregrinações
de Inácio de Loyola em busca do princípio e fundamento da sua existência o colocaram
em contato com muitas pessoas. Especificamente na Universidade de Paris, Inácio
reuniu alguns companheiros, que formaram um grupo a partir do qual se deu a
fundação da Companhia de Jesus.
Aquele grupo de companheiros tinha o
desejo de se dedicar ao bem dos filhos e filhas de Deus, buscando imitar
Cristo, peregrinar a Jerusalém e se colocar à disposição da Igreja. Em 15 de
agosto de 1534, na capela de Montmartre, em Paris, os companheiros fizeram
votos com esses propósitos. Era o início da Companhia.
O projeto inicial dos companheiros de Jesus
de peregrinar a Jerusalém e lá se colocar a serviço foi adiado por tensões político-territoriais da
época, então eles se estabeleceram em Roma e se dedicaram
a pregar e a efetuar obras de caridade na Itália.
A Companhia de Jesus (em latim, Societas
Iesu, S. J.) foi aprovada oficialmente pelo Papa Paulo III em 1540, por
meio da bula Regimini militantis Ecclesiae. No ano seguinte, Inácio foi
eleito o primeiro superior geral da Ordem, e passou a viver em Roma, onde se dedicou
à função de preparar e enviar os jesuítas aos “novos mundos” para pregar o
Evangelho de Jesus Cristo, combater os avanços do protestantismo e expandir as fronteiras
da Igreja.
Nos primeiros anos da sua trajetória,
a Companhia de Jesus passou por diversas adversidades, tanto de natureza
econômica, por não possuir fontes permanentes de renda, quanto relacionadas à
aceitação por parte da sociedade eclesial da época, marcada pelas tensões da
Inquisição. Inácio, porém, manteve-se firme diante das adversidades que
surgiram, pois tinha confiança plena de que a missão da Companhia tinha em
vista Ad Majorem Dei Gloriam (a maior glória de Deus).
Na perspectiva de um mundo em
expansão na segunda metade do século XVI, a Igreja necessitava de missionários
para terras longínquas, como as Américas e o Oriente. E os jesuítas assumiram
essa missão de modo marcante ao longo da história.
À época do falecimento de Inácio (31
de julho de 1556), a companhia contava com cerca de 1.000 jesuítas, espalhados
em mais de 100 casas, organizadas em diversas províncias e também era
responsável por cerca de 40 colégios. Atualmente, a Companhia de Jesus
constitui uma das maiores ordens religiosas ligadas à Igreja Católica,
congregando milhares de membros (padres e irmãos), e respondendo pelas atividades
de centenas de universidades e colégios.
A despeito da sua singificativa
expansão inicial, a Companhia de Jesus teve na supressão um dos episódios mais
difíceis da sua história. Desde a sua fundação, a Companhia teve uma trajetória de
controvérsia e confrontamento. Por ter adotado princípios missioneiros e
dialógicos, as estratégias de evangelização e inserção cultural dos jesuítas
atraíram críticas da própria Igreja. Além disso, a influência política e social
crescente dos jesuítas, que se tornaram notórios educadores e administradores, incomodava
tanto as outras ordens quanto as monarquias absolutistas da época. Esse contexto
foi o cenário da supressão da companhia pelo Papa Clemente XIV em 1773, sendo
restaurada somente em 1814, pelo Papa Pio VII. Após esse episódio, a Companhia
de Jesus reafirmou sua unicidade e seus propósitos iniciais.
Além de serem responsáveis por muitos
sinais da Evangelização nas Américas e do Oriente, os jesuítas contribuíram com
relevante atuação na formação de atores sociais e políticos em diversos
territórios de missão. No campo espiritual, são os principais responsáveis pela
escola de espiritualidade fundada por Santo Inácio, com a difusão dos Exercícios
Espirituais entre religiosos e leigos.
Em entrevista concedida em 2017, Arturo
Sosa (atual superior geral dos jesuítas e primeiro não europeu) afirmou que, para
a Companhia de Jesus e, portanto, para todos os jesuítas, é fundamental e
necessário ser criativamente fiéis à própria vocação e à missão. Segundo o
padre geral, é necessário, a partir do olhar de Santo Inácio, continuamente
percorrer o caminho do retorno às fontes originais.
O Pe. Arturo Sosa afirma que “hoje, a
Companhia deve encontrar, a cada dia, o caminho para pôr em prática a
reconciliação. Em três níveis: com Deus, com os seres humanos, com o
ambiente. Somos colaboradores da missão de Cristo, razão de ser da Igreja
de que fazemos parte. E justamente a experiência de Deus nos restitui a
liberdade interior e nos leva a dirigir o olhar para aqueles que estão
crucificados neste mundo, para entender melhor as causas da injustiça e
contribuir para elaborar modelos alternativos ao sistema que hoje produz
pobreza, desigualdade, exclusão e põe em risco a vida sobre o planeta. Assim,
devemos restabelecer uma relação equilibrada com a natureza. Contribuir com
essa reconciliação significa também desenvolver a capacidade de diálogo, entre
as culturas e entre as religiões”.
Reflexão: Após mais de 400 anos de existência da Companhia de Jesus, com adversidades e avanços, há um reconhecimento de que é necessário percorrer o caminho do retorno às fontes originais. Proposta: Fazer memória dos altos e baixos da sua jornada pessoal e espiritual e identificar quando foi necessário retomar os propósitos iniciais e fundantes da sua vida.
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Organização do texto: Cláudia Cruz,
membro CVX Regional Rio de Janeiro
Fontes:
Santo
Inácio de Loyola, o fundador (https://www.jesuitasbrasil.org.br/institucional/santo-inacio-de-loyola/)
Biografia
Santo Inácio de Loyola (http://www.santoinaciosp.com.br/biografia-santo-inacio-de-loyola/)
Da
supressão à “Restauração” (1773-1814): A Companhia de Jesus, entre continuidade
e descontinuidade (https://www.ihuonline.unisinos.br/artigo/5756-luiz-fernando-rodrigues)
A
missão da Companhia de Jesus hoje. Entrevista com Arturo Sosa (https://www.ihu.unisinos.br/categorias/570167-a-missao-da-companhia-de-jesus-hoje-entrevista-com-arturo-sosa)
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