Apresentamos a seguir o texto do Pe. Adroaldo Palaoro, sj (Diretor do Centro de Espiritualidade Inaciana -CEI), como sugestão para rezar o Evangelho do Primeiro Domingo do Advento - Ano Litúrgico (Ano C), preparando-nos para as festividades do Natal.
“...levantai-vos e erguei a cabeça, porque a
vossa libertação está próxima” (Lucas 21,28)
Mais uma vez o Advento vem ao nosso encontro, e com
ele o convite para continuar ampliando espaços para Deus em nossas vidas. Uma
oportunidade para escutar de novo sua promessa: promessa de nova vida, de um
novo ânimo, uma nova esperança.
Podemos acolher este
tempo com a marca da rotina (mais um ano, repetir as mesmas palavras, a espera,
o “vem, Senhor”...); ou mobilizando-nos e abrindo-nos à surpresa de Deus, que
virá a nós como chamado, como possibilidade, como grito para despertar-nos...
Que nos abramos ao novo!
O melhor do Deus que vem é que Ele se manifesta de maneiras inesperadas: desfaz certezas, rompe convenções, renova sonhos, não busca brilhos ou ornamentos, aplausos ou adesões forçadas. Sua chegada não exige cobranças nem condiciona com exigências desmedidas. A esperança abre passagem por onde menos esperamos. E Deus continua aparecendo onde e quando ninguém espera.
O melhor do Deus que vem é que Ele se manifesta de maneiras inesperadas: desfaz certezas, rompe convenções, renova sonhos, não busca brilhos ou ornamentos, aplausos ou adesões forçadas. Sua chegada não exige cobranças nem condiciona com exigências desmedidas. A esperança abre passagem por onde menos esperamos. E Deus continua aparecendo onde e quando ninguém espera.
Para “conhecer”
a realidade e a verdade do Advento precisamos de olhos novos e de um coração
novo.
É necessário despertar aquela “sensibilidade” escondida e abafada pelo ativismo e pelo ritmo estressante de nossa vida. No Advento, toda a humanidade é atingida como que por um raio, é tomada de surpresa.
A sua noite, o seu silêncio, o seu sono, a sua rotina diária... é quebrada por uma novidade absoluta.
O Advento é, por sua própria natureza, uma surpresa que quebra a solidão das pessoas abandonadas a si mesmas, que irrompe no meio de uma vida sem sentido e sem direção, que traz luz para os ambientes fechados e frios.
É necessário despertar aquela “sensibilidade” escondida e abafada pelo ativismo e pelo ritmo estressante de nossa vida. No Advento, toda a humanidade é atingida como que por um raio, é tomada de surpresa.
A sua noite, o seu silêncio, o seu sono, a sua rotina diária... é quebrada por uma novidade absoluta.
O Advento é, por sua própria natureza, uma surpresa que quebra a solidão das pessoas abandonadas a si mesmas, que irrompe no meio de uma vida sem sentido e sem direção, que traz luz para os ambientes fechados e frios.
A “sensibilidade” despertada pelo Advento recupera em nós o sentido da surpresa, recobra a atitude da expectativa, da novidade, do assombro... diante da vida. Porque é no traçado das horas e dos dias que Deus prepara sempre a sua novidade, a sua surpresa, o seu dom natalício. Tal surpresa faz brotar o entusiasmo para enfrentarmos os desafios da vida, despertando projetos arquivados, suscitando dinamismo novo no cotidiano pesado, fazendo-nos levantar de novo e retomar o caminho...
Precisamos conservar límpidos os olhos
do espírito, prontos para perceber a maravilha que está germinando na nossa
vida. O Advento quer reafirmar a
possibilidade de uma alternativa, da chegada de um hóspede inesperado, porque é
“boa
nova”, é evangelho.
Por isso, o cristão não deve jamais cair na resignação, mas permanecer em vigília, na expectativa; ele deve ser também uma surpresa para os outros, com seu gesto de amor imprevisto, com sua palavra que reanima, com sua visita que consola, com sua atenção para com todos os que levam uma vida obscura e monótona. Ele olha o mundo com inteligência, sim, mas também com a simplicidade das pombas; sabe intuir o bem secreto, também sabe apreciar a poesia da vida e da natureza.
Por isso, o cristão não deve jamais cair na resignação, mas permanecer em vigília, na expectativa; ele deve ser também uma surpresa para os outros, com seu gesto de amor imprevisto, com sua palavra que reanima, com sua visita que consola, com sua atenção para com todos os que levam uma vida obscura e monótona. Ele olha o mundo com inteligência, sim, mas também com a simplicidade das pombas; sabe intuir o bem secreto, também sabe apreciar a poesia da vida e da natureza.
No evangelho de hoje, Jesus dá por suposto a existência de situações desastrosas que nos sacodem, enchendo-nos de ansiedade e preocupação; mas, onde nós só vemos catástrofes, Jesus vê “sinais”. E a condição para descobri-los é erguer a cabeça, levantar os olhos, ir mais além do imediato que nos cega e nos prende em redes de desejos insatisfeitos, em obsessões por conservar modos de vida que considerávamos definitivos, em temores que embotam nosso coração impedindo o fluir da vida.
Curvados
sobre nós mesmos, sem horizonte, sem poder olhar de frente, nem entrar em
relação de reciprocidade, carregando durante longo tempo um peso excessivamente
grande (culpa, ressentimento, vergonha), bloqueados, privados de nosso próprio
potencial: este é o drama que nos desumaniza. Nossos corpos encurvados se fazem
texto, linguagem, grito, petição... para serem endireitados. Nesse
contexto ressoa com força o apelo de Jesus: “levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está
próxima”.
Nosso corpo fala mais e com mais veracidade que nossas palavras, o que irradiamos revela algo sobre nós. E há corpos que em silêncio clamam por cura e cuidado. É preciso interrogar nossos corpos para que eles nos contem suas histórias guardadas: seus segredos, suas dores, suas vivências. Devemos ser capazes de lê-los e respeitá-los, para poder devolver-lhes sua harmonia e sua beleza originais.
É nosso próprio
corpo posto de pé, é nossa própria vida circulando sem ataduras, é a libertação de nossas forças afetivas,
a possibilidade de olhar outros olhos sem temor e de entrar em comunicação... que
nos faz experimentar uma relação nova com a vida.
Aspiração,
sede, ansiedade, expectativa, estar de pé: isso é o que nos invade quando
sentimos que se aproxima algo que desejamos de verdade. Pois isso é o Advento: tempo para os grandes sonhos.
Só os medíocres ou os desesperados renunciam a sonhar.
Pois bem, se o desânimo nos assalta, é tempo novo para levantar a cabeça, olhar ao longe, bem para fora, bem para dentro. Deixar que ressoe como uma promessa a Voz de um Deus que atravessa o tempo para dizer-nos: “aproxima-se vossa libertação”.
Mergulhados naquilo que é margem, passageiro, na superfície das coisas, perdemos de vista o essencial e caímos na resignação. Perdida a capacidade de maravilhar-nos, o Advento esvazia-se e torna-se mais um tempo litúrgico rotineiro.
Só os medíocres ou os desesperados renunciam a sonhar.
Pois bem, se o desânimo nos assalta, é tempo novo para levantar a cabeça, olhar ao longe, bem para fora, bem para dentro. Deixar que ressoe como uma promessa a Voz de um Deus que atravessa o tempo para dizer-nos: “aproxima-se vossa libertação”.
Mergulhados naquilo que é margem, passageiro, na superfície das coisas, perdemos de vista o essencial e caímos na resignação. Perdida a capacidade de maravilhar-nos, o Advento esvazia-se e torna-se mais um tempo litúrgico rotineiro.
Poderíamos dizer que o Advento nos apresenta uma “espiritualidade do despertar”. Se estamos adormecidos ou anestesiados, sem nos encantar com a maravilha e o desafio de estarmos vivos, precisamos despertar. Despertar para a gratuidade da vida, para o chamado à convivência e comunhão, despertar para uma presença misericordiosa. Jesus vem despertar-nos e ativar nossa esperança.
É
preciso saber olhar, abrir os olhos, ler a vida e despertar-nos para aquilo
que acontece à nossa volta.
Se há uma palavra que perpassa todas as tradições religiosas, essa
palavra é “despertar”, não no
sentido individualista e moralizante, ou seja, manter um adequado comportamento
moral para, desse modo, alcançar a salvação.
O
chamado original a “despertar” reveste-se de uma profundidade muito maior, que
conecta com aquela palavra com a qual Jesus inicia sua atividade pública: “convertei-vos”.
Na realidade, trata-se de um novo modo de olhar ou de conhecer, de um “conhecer mais além da aparência”.
Quê
significa “despertar”? Em quê sonhos estamos mergulhados? Como dar-nos conta de
que estamos “adormecidos”? Há algo que possamos fazer?... Todas estas questões
são evocadas pelo convite que aparece na boca da Jesus: “Estai sempre despertos”.
A pessoa
desperta é aquela que experimentou intensamente a vida e, graças a isso, vive
ancorada, enraizada e conectada com a sua verdadeira identidade, ao seu eu original
e universal.
Texto
bíblico: Lucas
21,25-28.34-36
Na oração: Quando foi Deus, para você, o Deus inesperado?”
Na oração: Quando foi Deus, para você, o Deus inesperado?”
Em quê se concretiza para
você a promessa de Deus? Quê espera ou deseja de verdade? Qual é a boa notícia
na qual você acredita? Como vive você este Advento? Quê há, em sua vida, de
busca, sonho, aspiração, desejo... Em sintonia com Deus?