Na
reunião do dia 24/03/2014 partilhamos os momentos de oração da 2ª Semana do
Retiro Quaresmal 2014 (Exercícios Espirituais na vida cotidiana).
O
roteiro do Retiro Quaresmal orienta que devemos registrar em cada momento de
oração os elementos que ajudaram,
as dificuldades, os pontos mais tocantes, os sentimentos predominantes, os apelos à conversão e as resistências.
Como
as nossas experiências de oração estão intimamente relacionados com os diversos
acontecimentos da nossa vida diária, foram colocados e partilhados os seguintes
pontos:
A
vivência diária da oração nesse tempo forte de Quaresma têm suscitado apelos
para a conversão e reestruturação da vida. Como já partilhado em reuniões
anteriores, o tempo da Quaresma é tempo favorável, oportuno de viver diferente,
de olhar mais profundamente o nosso viver e em quais pontos a conversão se faz necessária.
Daí surge o questionamento: Como tratamos nosso próximo mais próximo (pais, irmãos,
pessoas com as quais moramos...) Muitas vezes deixamos nosso cuidado e
gentileza para as pessoas com quem temos relações mais esporádicas.
Um
dos textos da 2ª Semana do Retiro Quaresmal abordou o episódio da
Transfiguração de Jesus (Mateus 17, 1-9), no qual Jesus se destaca, se releva,
se ilumina e irradia essa luz àqueles que se abrem para recebe-la.
Os
textos da 2ª Semana do Retiro Quaresmal também apresentaram fortes apelos à misericórdia:
Ser misericordioso consigo mesmo às vezes é mais difícil do que sê-lo com o
outro, com o nosso irmão.
Para
ser misericordioso consigo e com o outro é necessário fazer uma experiência
pessoal da misericórdia de Deus.
Outro
texto da 2ª Semana do Retiro Quaresmal abordou a Parábola do Filho Pródigo
(Lucas 15, 11-32), que nos ensina que há sempre um caminho de volta para o Pai.
Não importa o quanto nos afastamos dele ou como gastamos os bens e dons que ele
nos concede gratuitamente, há sempre um caminho para voltar.
A
Parábola do Filho Pródigo, uma das mais emblemáticas e fascinantes narradas no
Evangelho, nos apresenta a figura do Pai, do filho mais novo e do filho mais
velho... Mas a história não tem um fim, ela nos deixa possibilidades de reflexão
acerca das atitudes do pai e seus dois filhos.
Um
PAI disposto a abraçar, a acolher e se alegrar com a volta de um filho que
partiu para “ganhar o mundo” e acabou por quase perder a vida;
Um
FILHO MAIS NOVO autossuficiente e arrogante, ansioso por abandonar a
simplicidade da casa paterna para conhecer o que o mundo oferece... Mas também
um filho que, quando estava no fundo do poço, soube lançar fora o orgulho de
quem gastou e perdeu tudo, para voltar às origens, à casa do Pai;
E
um FILHO MAIS VELHO, fiel e presente todo o tempo na casa do Pai, mas que em um
primeiro momento se sentiu injustiçado, por ver o amor do Pai com o seu irmão
mais novo que tinha partido, se entregado ao mundo e gastado seus bens em uma vida
desregrada... Será que depois esse filho mais velho não se comoveu ao ver o seu
irmão que voltara? Será que o amor do Pai por seu irmão mais novo que retornara não o contagiou e o fez enxergar que a vida do irmão vale mais que os bens que foram perdidos?
O Evangelho nos ensina que "com a mesma medida com que medirmos, seremos medidos"!
É
preciso sempre olhar por outra perspectiva, tentar colocar-se no lugar no
outro, tentar ver o outro como o próprio Deus vê, com suas limitações e
virtudes e NÃO JULGAR.
Da
Parábola dos Vinhateiros Homicidas (Mateus 21, 33-46) refletimos que Deus, que
é Amor, acredita no Amor... Por isso envia aqueles que ama, na esperança de que
o mundo seja transformado por esse Amor.
A
Parábola do Rico mau e do pobre Lázaro (Lucas 16, 19-31) nos faz refletir que,
dentro da nossa realidade de vida, podemos ter comportamento semelhante ao Rico
mau, que se banqueteava e não foi sensível às necessidades dos nossos irmãos. O
pobre Lázaro só desejava as migalhas que caíam da mesa do rico. Quantas vezes
negamos migalhas de tempo, de atenção, de carinho e também de bens materiais a
irmãos necessitados?
E uma última reflexão desse texto nos revelou um ato de bondade do rico mau: primeiro ele pediu uma gota de água para refrescar a língua, pois estava atormentado... Em seguida, ele suplicou pelos irmãos da casa paterna, para que não tivessem o mesmo destino que ele. O rico, que sempre foi mau e insensível, no momento de tormento, lembrou-se de suplicar, de pedir clemência, primeiro por si e depois pelos outros.
Toda
a criação carrega a impressão digital de Deus, carrega a sua marca e tem um
propósito no plano de Deus. O Catecismo da Igreja Católica (CIC, 412) ensina
que Deus permite que os males aconteçam para deles tirar um bem maior. Daí as
palavras de Paulo na Epístola aos Romanos 5, 20s: “Onde o pecado abundou, superabundou a graça; para
que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça
para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.” E Santo Tomás de Aquino,
inspirado nas palavras de Paulo, declara: “Ó
feliz culpa, que mereceu tal e tão grande Redentor!” (Summa Theologiae, III).
Contiuemos
em oração, em nossas 'quaresminhas'
diárias.