sábado, 15 de julho de 2017

31 dias com Santo Inácio de Loyola – Dia 15

Dia 15: As duas bandeiras


Jesus distinguia enfaticamente o seu caminho do caminho do mundo: “Aquele que não está comigo está contra mim” (Lucas 11,23). Santo Inácio nos ajuda a aplicar isso a nós mesmos em uma meditação chave nos Exercícios Espirituais chamado “Meditação sobre as duas bandeiras”.

Seguir Jesus ou seguir o caminho do mundo
Todos os discípulos têm que escolher por onde vão seguir: os valores de Jesus e do Evangelho ou os valores do mundo. Não importa em que estado de vida o Espírito nos atraiu, uma vez que somos batizados e confirmados, somos chamados a permanecer na companhia de Jesus, sob sua bandeira.

Começamos a nos mover sob a bandeira de Jesus quando nos juntamos a ele na convicção viva de que tudo o que temos e somos é o dom de Deus. Por muito ou pouco que tenhamos, dizemos com gratidão: “Veja tudo o que Deus me deu”! Então, a busca de como ajudar os necessitados torna-se uma preocupação diária. E através de uma vida de amor e serviço, o Espírito nos leva a viver com mansidão e humildade como o Senhor viveu, qualquer que seja a nossa profissão ou missão.

O caminho do mundo é muito diferente. O ponto de partida é a lógica do acúmulo de riqueza. Na lógica materialista do mundo as pessoas dizem: “Veja tudo isso que tenho”. Quando o caminho do mundo se abre diante de uma pessoa, ela tende a mudar o foco e buscar nas coisas a sua satisfação. Com o tempo, você se convence de que é o centro do seu mundo. É apenas uma questão de tempo para cair na perspectiva do egocentrismo.

Três formas de tender a abraçar a bandeira do mundo 
A bandeira do mundo é tão convidativa para os discípulos de Cristo quanto para qualquer pessoa. De certa forma, mesmo depois de ter feito uma escolha solene e ao longo da vida de seguir a bandeira de Cristo, temos que purificar nossa vida cotidiana da tendência para a bandeira do mundo. Essa tendência tem três formas: o secularismo do bem, a busca do prazer e o domínio das trevas.

Primeiro, o secularismo do bem. Certamente, há pessoas não cristãs que levam a vida de forma boa e aceitável. Mesmo os batizados podem viver de forma benignamente secular. Nós participamos de movimentos cívicos e ajudamos os necessitados porque é isso que nossos vizinhos fazem. Somos bons para nossas famílias e honestos no local de trabalho. Não há nenhum dano imediato nessa tendência, mas tampouco há algo além de um espírito secular, mesmo que as pessoas hoje chamem isso de espiritualidade.

A segunda tendência a abraçar a bandeira do mundo é a busca do prazer. Estamos cercados por pessoas que vivem o que São Paulo descreve como o caminho da carne. Aqueles que seguem esse caminho são o alvo predileto da publicidade, pois precisam ter tudo o que os outros têm agora, são escravos da moda. Seu lado menos adorável manifesta autoindulgência, luxúria, inveja, mas tudo visto como costumes sociais aceitáveis. A carne tem suas próprias leis, e aqueles que as seguem passam delas ao pecado.

A terceira tendência a abraçar a bandeira do mundo é sucumbir ao poder das trevas. Pense no caso de pai que forçou o filho adolescente a matar outro e depois a beber do seu sangue. Esse caso é um manifesto inequívoco do mal. Mas a maioria das obras das trevas não são tão claras. Ódio, vingança, violência, hábitos autodestrutivos... Estes florescem nos cantos sombrios do eu-humano-pecador.

No mais profundo do nosso coração, podemos abominar as trevas e passar para a luz. Mas na vida cotidiana, podemos nos encontrar no crepúsculo do secularismo benigno ou sob o domínio dos impulsos da carne. Só encontraremos segurança na bandeira de Cristo se resolutamente começarmos tudo com gratidão a Deus e continuarmos observando cada uma das nossas ações e a razão que nos leva a agir.

Fonte: Adaptação livre do site Ignatian Spirituality, a partir de um trecho do livro “Making Choices in Christ” (Fazendo escolhas em Cristo) de Joseph A. Tetlow, SJ.

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