segunda-feira, 24 de julho de 2017

31 dias com Santo Inácio de Loyola – Dia 24

Dia 24: Aplicação dos sentidos


Santo Inácio nos sugere que podemos orar sobre sentidos do mesmo modo que oramos sobre guardar os mandamentos (EE 247). Ele sugere que usemos nossos sentidos para começar a contemplar: ver as pessoas, ouvir o que elas dizem, observar o que elas fazem. Estes são os tradicionais usos dos sentidos.

A aplicação dos sentidos usada na contemplação inaciana é bem distinta e começa logo na Segunda Semana dos Exercícios Espirituais. A partir dele, contemplamos um evento da vida de Jesus por quatro horas a cada dia, começando na primeira hora, por volta da meia-noite. À tarde, sua memória está repleta de imagens, sua mente de significados e seu coração ocupado por afetos e sentimentos. A seguir passa-se para a quinta hora, aplicando os cincos sentidos sobre o evento que tenha sido contemplado (EE 121).

Inácio explica que é só olhar e sentir a infinita fragrância e saborear a doçura da divindade (EE 124). Mas não se abstraia demais: como abraçar ou senta-se embaixo de uma árvore que apareceu na cena do Evangelho. Você deve mesmo é aplicar seus sentidos na alma e nas virtudes das pessoas que você está contemplando: posso sentir o anseio do Jovem Rico (Mt 19,16-22)? Tomé tirou a sua mão quando Jesus a colocou no seu lado (Jo 20, 24-29)?

Com esta aplicação dos sentidos, a contemplação inaciana nunca será uma experiência de sair do corpo, mesmo no seu mais profundo. Nunca é apenas sobre você, porque é tudo sobre os espíritos envolvidos entre eles, você. 

Veja um exemplo de contemplação: 
Eu estou de cócoras em um canto do Cenáculo. Sinto uma calorosa fragrância de pão assando. Nossa Senhora tomou a mão de São Pedro no seu colo, sentados perto de uma parede. O jovem João estava deitado com a cabeça no colo de Tomé, os dois estavam chorando. Ninguém dizia nada. Então todos ouviram um pequeno barulho. Todos pularam: Jesus está de pé lá, sorrindo. Ele diz: “Paz”. Sua voz é profundamente bonita. Ele acariciou o rosto de sua mãe. Pedro ficou ali em pé e Jesus colocou seu braço nos ombros de Pedro. Eles se olharam e alguma intimidade apareceu entre eles. Alguma coisa me consolou e fiquei surpreso como Jesus se aproxima de cada um, afetuosamente. De repente, quase não consigo respirar. Jesus está de pé na minha frente e diz: “Levante-se”. Eu senti a sua mão no meu rosto. Ele me fez olhar para ele, eu vi que ele me ama. Eu continuo olhando e vejo em êxtase: ele me pede para amá-lo. Ele quer que o ame. Isto pareceu acontecer num longo tempo.

Então um sino tocou e eu voltei ao meu quarto, contente de estar entre meus amigos.

Proposta: Faça a experiência de viver uma cena do Evangelho, de perceber os sentimentos, os olhares, os anseios das pessoas envolvidas na cena... Deixe-se tocar pela presença de Jesus, usando todos os seus sentidos.

Fonte: Adaptação livre do site Ignatian Spirituality

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