quarta-feira, 13 de julho de 2022

Legado de Santo Inácio de Loyola: a Companhia de Jesus

Durante o mês de julho publicaremos semanalmente um texto para celebrar a vida e memória de Santo Inácio de Loyola. Esse texto também estará disponível em áudio (podcast) no canal Rezando o Evangelho no Spotify e em outras plataformas de áudio. 

O segundo texto aborda de maneira sintética a Companhia de Jesus como legado da vida e trajetória de Santo Inácio de Loyola. Boa leitura! Que Santo Inácio nos ensine a ser e buscar sempre o Magis!

As experiências espirituais e peregrinações de Inácio de Loyola em busca do princípio e fundamento da sua existência o colocaram em contato com muitas pessoas. Especificamente na Universidade de Paris, Inácio reuniu alguns companheiros, que formaram um grupo a partir do qual se deu a fundação da Companhia de Jesus.

Aquele grupo de companheiros tinha o desejo de se dedicar ao bem dos filhos e filhas de Deus, buscando imitar Cristo, peregrinar a Jerusalém e se colocar à disposição da Igreja. Em 15 de agosto de 1534, na capela de Montmartre, em Paris, os companheiros fizeram votos com esses propósitos. Era o início da Companhia.

O projeto inicial dos companheiros de Jesus de peregrinar a Jerusalém e lá se colocar a serviço foi adiado por tensões político-territoriais da época, então eles se estabeleceram em Roma e se dedicaram a pregar e a efetuar obras de caridade na Itália.

A Companhia de Jesus (em latim, Societas Iesu, S. J.) foi aprovada oficialmente pelo Papa Paulo III em 1540, por meio da bula Regimini militantis Ecclesiae. No ano seguinte, Inácio foi eleito o primeiro superior geral da Ordem, e passou a viver em Roma, onde se dedicou à função de preparar e enviar os jesuítas aos “novos mundos” para pregar o Evangelho de Jesus Cristo, combater os avanços do protestantismo e expandir as fronteiras da Igreja.

Nos primeiros anos da sua trajetória, a Companhia de Jesus passou por diversas adversidades, tanto de natureza econômica, por não possuir fontes permanentes de renda, quanto relacionadas à aceitação por parte da sociedade eclesial da época, marcada pelas tensões da Inquisição. Inácio, porém, manteve-se firme diante das adversidades que surgiram, pois tinha confiança plena de que a missão da Companhia tinha em vista Ad Majorem Dei Gloriam (a maior glória de Deus).

Na perspectiva de um mundo em expansão na segunda metade do século XVI, a Igreja necessitava de missionários para terras longínquas, como as Américas e o Oriente. E os jesuítas assumiram essa missão de modo marcante ao longo da história.

À época do falecimento de Inácio (31 de julho de 1556), a companhia contava com cerca de 1.000 jesuítas, espalhados em mais de 100 casas, organizadas em diversas províncias e também era responsável por cerca de 40 colégios. Atualmente, a Companhia de Jesus constitui uma das maiores ordens religiosas ligadas à Igreja Católica, congregando milhares de membros (padres e irmãos), e respondendo pelas atividades de centenas de universidades e colégios.

A despeito da sua singificativa expansão inicial, a Companhia de Jesus teve na supressão um dos episódios mais difíceis da sua história. Desde a sua fundação, a Companhia teve uma trajetória de controvérsia e confrontamento. Por ter adotado princípios missioneiros e dialógicos, as estratégias de evangelização e inserção cultural dos jesuítas atraíram críticas da própria Igreja. Além disso, a influência política e social crescente dos jesuítas, que se tornaram notórios educadores e administradores, incomodava tanto as outras ordens quanto as monarquias absolutistas da época. Esse contexto foi o cenário da supressão da companhia pelo Papa Clemente XIV em 1773, sendo restaurada somente em 1814, pelo Papa Pio VII. Após esse episódio, a Companhia de Jesus reafirmou sua unicidade e seus propósitos iniciais.

Além de serem responsáveis por muitos sinais da Evangelização nas Américas e do Oriente, os jesuítas contribuíram com relevante atuação na formação de atores sociais e políticos em diversos territórios de missão. No campo espiritual, são os principais responsáveis pela escola de espiritualidade fundada por Santo Inácio, com a difusão dos Exercícios Espirituais entre religiosos e leigos.

Em entrevista concedida em 2017, Arturo Sosa (atual superior geral dos jesuítas e primeiro não europeu) afirmou que, para a Companhia de Jesus e, portanto, para todos os jesuítas, é fundamental e necessário ser criativamente fiéis à própria vocação e à missão. Segundo o padre geral, é necessário, a partir do olhar de Santo Inácio, continuamente percorrer o caminho do retorno às fontes originais.

O Pe. Arturo Sosa afirma que “hoje, a Companhia deve encontrar, a cada dia, o caminho para pôr em prática a reconciliação. Em três níveis: com Deus, com os seres humanos, com o ambiente. Somos colaboradores da missão de Cristo, razão de ser da Igreja de que fazemos parte. E justamente a experiência de Deus nos restitui a liberdade interior e nos leva a dirigir o olhar para aqueles que estão crucificados neste mundo, para entender melhor as causas da injustiça e contribuir para elaborar modelos alternativos ao sistema que hoje produz pobreza, desigualdade, exclusão e põe em risco a vida sobre o planeta. Assim, devemos restabelecer uma relação equilibrada com a natureza. Contribuir com essa reconciliação significa também desenvolver a capacidade de diálogo, entre as culturas e entre as religiões”.

Reflexão: Após mais de 400 anos de existência da Companhia de Jesus, com adversidades e avanços, há um reconhecimento de que é necessário percorrer o caminho do retorno às fontes originais.  Proposta: Fazer memória dos altos e baixos da sua jornada pessoal e espiritual e identificar quando foi necessário retomar os propósitos iniciais e fundantes da sua vida.

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Organização do texto: Cláudia Cruz, membro CVX Regional Rio de Janeiro

Fontes:

Santo Inácio de Loyola, o fundador (https://www.jesuitasbrasil.org.br/institucional/santo-inacio-de-loyola/)

Biografia Santo Inácio de Loyola (http://www.santoinaciosp.com.br/biografia-santo-inacio-de-loyola/)

Da supressão à “Restauração” (1773-1814): A Companhia de Jesus, entre continuidade e descontinuidade (https://www.ihuonline.unisinos.br/artigo/5756-luiz-fernando-rodrigues)

A missão da Companhia de Jesus hoje. Entrevista com Arturo Sosa (https://www.ihu.unisinos.br/categorias/570167-a-missao-da-companhia-de-jesus-hoje-entrevista-com-arturo-sosa

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