quinta-feira, 29 de maio de 2025

Ascenção: expandir a visão

Texto do Pe. Adroaldo Palaoro, SJ, como sugestão para rezar o Evangelho da festa da Ascensão do Senhor.

“Jesus os levou para fora da cidade, até Betânia. E erguendo as mãos os abençoou” (Lc 24,50)

Primeiro dado que nos faz pensar: nem Mateus, nem Marcos, nem João, nem Paulo, mas somente Lucas, no final de seu Evangelho e, mais detalhadamente, no começo dos “Atos dos Apóstolos”, narra a Ascensão como um fenômeno constatável pelos sentidos.
Até o século V não se celebrava a festa da Ascenção. Considerava-se que a ressurreição já trazia em si a glorificação. Até então, o importante de toda a mensagem pascal era a certeza de que o mesmo Jesus que vivera com os discípulos, foi exaltado, chegou à meta, alcançou a plenitude que consiste em identificar-se totalmente com Deus.
No entanto, o mistério da Ascensão nos oferece a oportunidade para aprofundar mais uma dimensão do mistério pascal. Trata-se de descobrir que a posse da Vida por parte de Jesus é total. Ele participa da mesma Vida de Deus e, portanto, ascendeu ao mais alto dos “céus”, ou seja, sua presença torna-se universal. 
A Ascensão é o salto para a novidade, para a beleza, para a transcendência; ela nos faz descobrir a verdadeira extensão da Vida; sua luz ilumina toda a Criação: a vida de Cristo na vida da Terra nos traz alegria e esperança. O universo inteiro é o “habitat” do Cristo Cósmico. 
A presença pascal de Jesus já é Ascenção; não é um afastar-se dos seus, mas permanecer com eles de maneira diferente, em amor e em presença transformadora. 
Também nossa meta de vida, como a de Jesus, é ascender em direção ao Pai, aos outros, à Criação inteira. “Subimos” quando “descemos” à nossa realidade, visibilizando o Cristo glorificado através de nossa presença inspiradora, esperançada e comprometida.
Celebrar a Ascensão de Jesus é ampliar nossa visão, romper com tudo aquilo que atrofia nosso coração, abrir-nos ao novo e saborear a vida que se revela sempre como contínua surpresa.
Muitas vezes, ocupados só com o resultado imediato de um maior bem-estar e atraídos por pequenas aspirações e esperanças tímidas, corremos o risco de empobrecer o horizonte de nossa existência, esvaziando a aspiração de eternidade e perdendo o desejo de uma vida mais expansiva.
O ser humano resiste a viver fechado para sempre nesta condição caduca e mortal.
Na verdade, muitos cristãos vivem hoje olhando exclusivamente para o chão, cabisbaixos. Parece que não se atrevem a levantar o olhar mais além do imediato de cada dia. 
Nesta festa da Ascensão do Senhor podemos recordar as palavras do científico e místico Teilhard de Chardin: “Cristãos, a só vinte séculos da Ascensão, que haveis feito da esperança cristã?”
Em meio às interrogações e incertezas, os(as) seguidores(as) de Jesus continuam caminhando pela vida, fundamentados numa confiança e numa convicção. Quando parece que a vida se fecha ou se extingue, Deus permanece. O mistério último da realidade é um mistério de bondade e de amor. Deus é uma Porta aberta à vida que ninguém pode fechar. 
É belo ver como Deus se manifesta neste desejo que habita todos nós, e coloca no interior de cada um algo tão transcendental e misterioso, ao alcance de nossa vivência e de nossa compreensão. “A eternidade (céu) é importante, mas a eternidade é construída no tempo e o tempo é importante” (Pe. Aldunate).
É isso que a liturgia faz: ela nos mobiliza a ir em busca dessa “escada” que nos permita alcançar tão profundo desejo. Foi assim que Jesus e seus contemporâneos entendiam a relação entre o céu e a terra. 
A festa da Ascensão do Senhor é frequentemente mal-entendida como “a festa da desconexão” entre o céu e a terra. O Ressuscitado e Ascendido ao céu, não nos deixa órfãos; Ele não se ausenta, mas é Aquele que “sobe” e “desce” para iluminar toda a Criação, Aquele que conecta céus e terra.
O desejo que o Cristo expressa é de vivermos sobre a terra o céu que está em nosso interior. E diminuir a distância, a defasagem que existe entre nossos sentimentos mais elevados e nossas ações mais cotidianas.
Ele nos recorda que em nossas ações sobre a terra já se encontra o nosso céu. E o céu não é um estado que conheceremos somente após a morte, mas é também nossa grandeza interior.
O “subir”  até Deus passa pelo “descer”  até às profundezas da nossa própria realidade pessoal. Se com Cristo quisermos subir ao Pai, temos primeiro que descer com Ele à terra, afundar os pés na nossa própria condição humana. 
O relato de Lucas, neste domingo, afirma que o Ressuscitado, tirou os seus discípulos do lugar onde estavam trancados e os levou para fora da cidade, até Betânia. Ascensão é festa que amplia nossa visão da humanidade e da realidade, alarga nosso coração para vivermos relações mais sadias com os outros, desperta nossa sensibilidade para acolher a vida, confirma nossa missão de prolongar a mesma missão de Jesus: sermos presenças solidárias e compassivas, acolhendo tudo o que é humano e comprometendo-nos com a transformação deste mundo, ainda carregado de morte.
É como se o Glorificado nos dissesse: “olhem a terra e seus homens e mulheres, deixem-se afetar pelas suas lágrimas e angústias, assumindo tudo como algo próprio dos meus discípulos; ocupem-se em transformar tudo, ajudando as pessoas a fazerem a travessia em direção ao amor, à verdade e à justiça”.
Esta é a aparição, única e universal, de Jesus segundo Lucas, uma “ascensão” que não é subida a outro céu, mas presença nesta terra, até o final dos tempos. Esta “aparição” (presença) tem valor definitivo: não termina, perdura para sempre. Ela continua, não teve nem terá fim, até o dia em que a história chegue à sua plenitude. Isso significa que o tempo da humanidade (discípulos/as de Cristo) está marcado pela permanência e frutos dessa grande visão que fundamenta toda sua existência.
Há uma eterna tentação que se abate sobre nós, qual seja: fixarmos em olhar no céu para não prestarmos atenção ao mundo que nos cerca. Ao nos deixar conduzir pelo Espírito, rompemos com nossos lugares estreitos, vivemos a expansão de nós mesmos, tornamo-nos universais....
Essa ascensão não pode ser feita às custas dos outros, mas servindo a todos. Como Jesus, a única maneira de alcançar a plenitude é descendo para o mais profundo. Aquele que mais “desceu” é Aquele que mais alto “subiu”.
Podemos, também, conectar a Ascenção com o Nascimento de Jesus. Nada nos impede pensar a Ascensão como Natal ao contrário. O Natal é Jesus que vem de Deus para junto da humanidade. A Ascensão é Jesus que faz o retorno a Deus, junto com a humanidade e a Criação inteira. Não se trata simplesmente de dois momentos, mas de dois modos de presença: no Natal, faz-se presente e torna Deus visível na condição humana. Na Ascensão, continua fazendo-se presente, mas de maneira invisível também no humano.
Quando no Natal, Jesus se humaniza, assume nossa condição humana e a assume para sempre. A partir de então, o humano tem cheiro de divino e o divino tem cheiro de humano.
Quando na Ascensão se esconde a condição humana de Jesus, este continua fazendo-se Natal na vida da comunidade cristã e de seus seguidores.
No Natal, Deus nos acostumou à sua visibilidade no humano. Na Ascensão, Deus quer nos acostumar à sua invisibilidade no humano. Invisibilidade que não é ausência, mas presença de outra maneira. 
Assim como Jesus não abandonou seu Pai para “fazer-se carne”, tampouco nos abandona para voltar a seu Pai. Mais ainda, o único objetivo da mensagem evangélica é que todos cheguemos à vivência profunda desse mistério, e vivê-la como Ele a viveu.
Cristo ascende e nos faz ascender à vida plena, neste mesmo mundo, no caminho da Igreja.


Texto bíblico: Evangelho segundo Lucas 24,46-53

Na oração: 
Toda pessoa possui dentro de si uma profundidade, que é seu mistério íntimo e pessoal que quer se expandir, romper com os limites e as estreitezas da vida. 
Viver a Ascenção, desde já, é deixar o Espírito desatar as potencialidades de vida: novas relações, novo compromisso, novas inspirações, nova visão...
- Fazer memória das dimensões da vida que estão atrofiadas e que precisam entrar no fluxo da Ascenção.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Criados para serem habitados

 Texto do Pe. Adroaldo Palaoro, SJ, como sugestão para rezar o Evangelho do 6º Domingo do Tempo Pascal (Ano C - 2025).


“...e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (Jo 14,23)

Nestes últimos domingos do Tempo Pascal estamos tendo acesso a trechos do discurso de despedida de Jesus, relatado por S. João. E cada domingo apresenta uma boa dose de profundidade. Hoje o ensinamento de Jesus revela, de uma maneira muito gráfica, que Deus não está e nem pode estar fora de nós, fora da criação. É um Deus conosco, ou melhor, em nós. Deus habita em tudo e em todos.

O evangelho deste domingo ativa nossa sensibilidade mais profunda, fazendo-nos entrar em sintonia com Deus e com a realidade que nos cerca. “Deus habita e age diretamente no coração” e nos conduz com delicadeza, com carinho e com liberdade, preparando-nos para grandes experiências vitais. E nosso coração aberto, atento, sintonizado com a presença íntima de Deus, dispõe-se, coopera e responde à Graça divina, empenhando-se por encontrar “o que tanto busca e deseja”.

Essa é a experiência mística da vida: “sentir Deus em todas as coisas e todas as coisas em Deus”. Fazemos a experiência da intimidade, da presença, da comunhão, da proximidade de Deus em nossa própria vida; vivemos embriagados(as) de Vida, vivemos como um peixe no oceano de Deus, dizendo um profundo sim às ondas, ao vento, ao sol, à existência...; sentimo-nos cativados(as), envolvidos(as), amados(as), sintonizados(as), habitados(as) por Deus de tal maneira que nossos olhos, gestos, nossas atitudes, palavras, nosso coração, nossa existência transbordam Deus; percebemo-nos envolvidos(as) pela “onda” de Deus e sintonizamo-nos com o Seu coração. Tal experiência é incomunicável; ninguém pode vivê-la por nós.

“Todo ser humano foi criado para ser habitado” (Ir. Roger de Taizé). Trata-se de uma expressão surpreendente, uma frase que, de imediato, descreve algo que parece impossível. No entanto, se pensarmos bem, é o que ocorre com toda maternidade. O filho habita na mãe. Também Jesus um dia falou a Nicodemos que é preciso “nascer de novo” e a surpresa dele foi tal que exclamou: “por acaso, pode um homem entrar de novo no ventre de sua mãe?”. Para Jesus, “nascer de novo” só é possível por obra do Espírito,  conver-tendo-nos em nova criatura. Igualmente, poderíamos dizer que “sermos habitados” só é possível por obra do Espírito; é Ele que torna presente e real o próprio Deus em nossas vidas. Por isso S. Paulo afirma que somos “templos de Deus” ou “templos do Espírito”.

Quando alguém ama e é amado torna-se uma pessoa habitada pelo amado. Como se recebe a uma pessoa no próprio interior? Através do amor. Pelo amor, o amado se torna presente no mais íntimo do outro, habita no mais profundo dele mesmo. Se isto pode ser uma rica experiência antropológica, pode igualmente ser, e com mais razão, uma experiência teologal. Deus se faz o constitutivo mais íntimo de nossa personalidade quando lhe abrimos nosso coração, entrando no fluxo de Sua Vida. E então é possível dizer com toda verdade: “já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”.

Cristo vive em nós: isso é exatamente “sermos habitados”. Vive em nós quando acolhemos sua Palavra e nos deixamos guiar por seu Espírito. E então acontece uma maravilha: nós nos sentimos cada vez mais nós mesmos, ao sentir-nos cada vez mais cheios de Deus. Porque Deus, ao habitar-nos, não anula nossa identidade; pelo contrário, nos constitui. É o constitutivo mais íntimo de nossa pessoa. 

De forma que o  crescimento em humanidade e o estar habitado pela Trindade são diretamente proporcio-nais, já que crescem na mesma direção.

Disse o Mestre Eckhart: “Deus me é mais próximo que eu mesmo o sou de mim mesmo; meu ser depende de que Deus esteja perto de mim e presente em mim. E quanto mais sei disso, mais feliz sou”. Muitas vezes nem nos damos conta disso. A Trindade não nos invade, não se impõe, não nos anula. Simplesmente se torna habitante, presença, inspiração. 

Quando sentimos que somos habitados por Deus ? Como é possível sentir isso? Quando sentimos a neces-sidade de algo mais; quando o cansaço não se converte em derrota, mas em parte do caminho; quando nossa imaginação é a porta aberta à criatividade; quando nosso interior está povoado pelos nomes de tantas pessoas as quais amamos e sentimos que são companheiras nesta viagem que é a vida, sempre presentes de muitas maneiras, mesmo quando já não estão ou podem estar longe; quando sentimos estremecer nossas entranhas ao perceber a dor do outro, mesmo que não o conheçamos e o sentimos próximo; quando deseja-mos que o futuro seja melhor, e compreendemos que nós somos também responsáveis para torná-lo possí-vel; quando temos a intuição profunda de que há limitações e fragilidades  na nossa vida porque somos criaturas; quando o sofrimento, a injustiça e a violência nos afetam, mas encontramos a força para enfrentá-los e seguir adiante; quando temos afã de conhecer mais: o mundo, o ser humano, a criação; quando nos atrevemos a perdoar e pedir perdão: descobrimos que algo, muito dentro, começa a ser curado; quando a alegria e o humor nos invadem e sentimos que não é preciso fazer drama diante daquilo que acontece; quando a beleza nos faz sentir assombro; quando, por um instante, sabemos, sem nenhuma dúvida, que estamos vinculados a outros; quando choramos por amor... Em todas essas faíscas de humanidade estão os reflexos do Espírito que se move em nós e que nos traz, a seu modo, o pulsar de Deus.

Por isso, nossa oração implica em fazer um percurso interior, nossa morada de Deus. No dom da oração, “o coração absorve Deus, e Deus absorve o coração, e os dois se fazem um” (S. João Crisóstomo).

Ao participarmos da mesma Vida de Deus, daquela que o mesmo Jesus participava, experimentamos a completa unidade com Jesus e com Deus. É uma experiência de unidade e identificação tão viva que nada nem ninguém poderá arrancá-la de nós. É uma comunhão de ser absoluta entre Deus e nós. Por isso, quando amamos, é o mesmo Deus quem ama. O Amor-Deus se manifesta em nós como se manifestou em Jesus.

O ritmo frenético e estressante do contexto atual, e, sobretudo, o culto à novidade, ao efêmero, ao superficial, impedem recuperar a dimensão da interioridade em nossa vida diária. Isso também nos impede perceber e sentir a presença divina que se move em nosso “eu profundo”.

Nesse sentido, a oração cristã facilita perceber as ressonâncias interiores do “toque” presencial de Deus, no mais profundo de nós mesmos, pois o santuário da presença de Deus está nesse espaço de intimidade entre a criatura e o Criador. Ele se comunica conosco através dos sentimentos elevados, dos desejos nobres, dos apelos inspiradores...

Deus quer suscitar vibrações novas em nossas vidas e sua Presença instigante desperta em nós o grande desejo de entrar em sintonia com Seu coração. Abrir os olhos e os ouvidos à Presença e à ação de Deus nos faz ficar atônitos, fascinados e sensíveis à Sua voz que cada dia ressoa em nosso interior.

Talvez seja preciso colocar outro ritmo em nossa existência, que nos permita estar atentos e à escuta das surpresas que Deus tem reservado a cada um de nós. A nós corresponde nos mobilizar e estar atentos aos movimentos do Seu Espírito e dos acontecimentos.

Podemos então afirmar que a busca de Deus e o encontro com Ele, a partir de Sua iniciativa, coincidem com a busca e o encontro de nós mesmos, de modo que buscar a Deus é buscar-nos a nós mesmos, na nossa própria interioridade. Afinal, caminhamos dentro de Deus; dentro d’Ele nos movemos, somos e existimos.

Quando quisermos saber onde está Deus só precisamos olhar-nos por dentro e ver se estamos habitados por Ele. Quando quisermos saber onde está o céu, não miremos para cima; basta que miremos nosso coração. Esse é o céu de Deus e, oxalá, seja também nosso céu.


Texto bíblico:  Evangelho segundo João 14,23-29

Na oração: 

O amor torna Deus presente em nós até o ponto de que Jesus e o Pai com o Espírito “morem em nós”, habitem em nós, nos convertam em sua casa, em seu céu.

- Todo cristão é testemunha de uma presença contemplada e ouvida no silêncio da oração. Deixe-se levar como se estivesse num rio, observando-se com um olhar interior, escutando, sentindo...

sábado, 17 de maio de 2025

Amar servindo, servir amando

Texto do Pe. Adroaldo Palaoro, SJ, como sugestão para rezar o Evangelho do 5º Domingo da Páscoa (Ano C - 2025).


“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13,35)


Vivemos a cultura da imagem; preocupa-nos e nos interessa a imagem que apresentamos, a imagem que os outros tem de nós e a que vemos nos outros. Certas imagens se fazem “virais” em poucos minutos e elas configuram as conversações, as ideias, valores, gostos...

No contexto do Evangelho deste domingo podemos nos perguntar: como seguidores(as) de Jesus, qual é a imagem que deixamos transparecer em nossa vida? Quê imagem nos identifica? Quê imagem difundimos?

Os primeiros cristãos tinham muito claro que havia um sinal por meio do qual eram reconhecidos. Sua vida, a partir do momento em que se tornavam seguidores de Jesus, era tão distinta que não passava despercebida. “Vede como eles se amam!”

No evangelho de João, Jesus destaca o distintivo de quem o segue: “o sinal pela qual todos conhecerão que sois meus discípulos será que vos ameis uns aos outros”.

Jesus não está na cultura da imagem, do externo, daquilo que brilha superficialmente... Ele nos fala do amor; mas o amor com um estilo próprio: “como eu vos amei”.

O sinal dos seus seguidores(as) não é algo que se “pendura no pescoço”, não consiste em tingir tudo de uma determinada cor, repetir determinadas fórmulas ou praticar os mesmos costumes, inclusive piedosos...

O que permite descobrir se uma comunidade que se diz cristã é realmente de Jesus não é a confissão de uma doutrina, nem a observância de alguns ritos, nem o cumprimento de algumas disciplinas, mas o amor vivido no espírito de Jesus. Nesse amor está sua verdadeira identidade.

Vivemos numa sociedade onde se impõe cada vez mais a “cultura da troca”; as pessoas trocam mutuamente objetos, serviços e prestações. Com frequência, trocam sentimentos e até amizade. Eric Fromm chegou a dizer que “o amor é um fenômeno marginal na sociedade contemporânea”. Pessoas capazes de amar, no sentido evangélico, são uma exceção. O que predomina, mesmo entre aqueles que se dizem cristãos, é o veneno do ódio, da intolerância, do racismo, da xenofobia...

De fato, para viver hoje o amor cristão (oblativo, gratuito, aberto...), faz-se necessário resistir ao clima pesado que envolve a sociedade atual. Não é possível viver um amor inspirado em Jesus sem distanciar-se do estilo de relações e trocas interesseiras que predomina, com frequência, entre nós.

Se a Igreja está se diluindo em meio à sociedade contemporânea não é só por causa da crise profunda das instituições religiosas. No caso do cristianismo é, também, porque muitas vezes não é fácil ver em nossas comunidades discípulos e discípulas de Jesus que se distingam por sua capacidade de amar como Ele amava.  Falta-nos o distintivo cristão.

Como cristãos, falamos muito do amor. No entanto, não atrevemos a dar-lhe seu verdadeiro sentido a partir do espírito e das atitudes concretas de Jesus. Falta-nos aprender que Ele viveu o amor como um modo de proceder ativo e criativo que o levava a uma atitude de serviço e de luta contra tudo o que desumaniza e faz o ser humano sofrer. Cresce entre nós a vivência de uma religião estéril, egóica, sem identificação com o Jesus dos Evangelhos.

Sabemos que, historicamente, os cristãos iniciaram sua expansão numa sociedade na qual havia diferentes termos para expressar o que hoje chamamos amor. Havia muitas formas de amar e sabemos que nem todas estavam em sintonia com o amor vivido por Jesus. 

A palavra mais usada era “filia”, que designava o afeto para com uma pessoa próxima e se empregava para falar da amizade, do carinho ou do amor aos parentes e amigos. Falava-se também de “eros” para designar a inclinação prazerosa, o amor apaixonado ou simplesmente o desejo orientado para o prazer e satisfação sexual.

O amor que Jesus nos ensinou com sua pregação e com sua vida era tão novo que os cristãos tiveram que buscar no vocabulário uma expressão que se aproximasse dessa nova maneira de amar. Não queriam que o amor inspirado por Jesus fosse confundido com qualquer outra coisa. Começaram a reservar a palavra “ágape” para designar esse amor que, a partir de então, seria o sinal de identidade dos seguidores do Mestre. Um amor que não nasce do dever, mas da compreensão profunda e da identificação com todos os seres.  Um amor que se expressa na inclusão universal e no serviço. ``Daí a intenção em formular bem o “mandamento novo do amor”: “eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros como eu vos amei”.

A maneira de amar de Jesus revelou-se inconfundível. Jesus transitou e ensinou o caminho do amor. E é isso que os Evangelhos mais ressaltam na pessoa de Jesus: sua extraordinária capacidade para amar, para dar e receber amor. Ele não se aproximava das pessoas buscando seu próprio interesse ou satisfação, sua segurança ou bem-estar. Só desejava fazer o bem, acolher, mostrar compaixão, oferecer amizade, ajudar a viver... É assim que Ele será recordado pelos primeiros cristãos: “Passou toda sua vida fazendo o bem”.

Nesse sentido, seu amor tinha um caráter serviçal; amor que se fazia serviço e o serviço vivido com amor. Jesus se colocava a serviço daqueles que mais precisavam. Abria espaço em seu coração e em sua vida para aqueles que não tinham lugar na sociedade e na religião daquele tempo; defendia os fracos e pequenos, os que não tinham poder para se defenderem por si mesmos, os que não eram grandes ou importantes; aproximava-se daqueles que estavam sozinhos e desvalidos, daqueles que não conheciam o amor e a amizade.

Todas as pessoas cabiam em seu coração, mas de um modo especial os últimos, os pequenos, os pobres, os excluídos, os simples a quem o Pai lhes revela os segredos do Reino; tudo isso fazia Jesus vibrar intensamente. Ele fez do amor o único necessário, a razão de sua vida e entrega e, por isso, pode ensinar com autoridade, revelando que ganhamos ou perdemos a vida em função de que tenhamos ou não amado.

O(a) seguidor(a) de Jesus não se caracteriza por pertencer a uma determinada religião, nem por doutrinas, nem ritos, nem normas morais..., mas por sua capacidade de amar. Ser seguidor(a) de Jesus, portanto, é uma questão de amor; é viver no “fluxo do amor” que tem sua fonte no coração do Pai. Trata-se do amor “ágape”, o amor superabundante, o amor de gratuidade, o amor que transborda, que nada pede em troca. Amar sem ter nada de particular para amar.  Amar não a partir de nossa carência, mas amar a partir de nossa plenitude. Amar não somente a partir de nossa sede, mas amar a partir de nossa fonte que corre.

Não podemos esquecer que o amor é um sentimento nobre e divino, que é preciso ativá-lo, pouco a pouco, ao longo da vida; muitas vezes, damos por suposto que o ser humano sabe amar espontaneamente. Por isso, é possível detectar tantos erros e tanta ambiguidade nesse mundo misterioso e atrativo do amor.

Nesse sentido, o “novo mandamento”, vivido e proclamado por Jesus, é um convite a viver o que somos (nossa essência), conectados com o Mistério amoroso que tudo anima e sustenta. O amor que Jesus nos pede deve surgir de dentro, não se impõe de fora como se fosse uma lei. Mais que um simples preceito, o Amor é atitude permanente de vida; tal como uma fonte, ele jorra continuamente de nosso interior, gerando vida ao nosso redor.

Todos nós, criados à imagem e semelhança do Deus Amor, carregamos a “faísca do amor”, que deve ser ativada na relação com os outros e com o próprio Deus. Na medida em que vamos conhecendo e vivendo nosso verdadeiro “eu”, o amor vai abrindo caminho e nós vamos nos parecendo mais e mais com o Deus que é puro Amor.

Texto bíblico: Evangelho segundo João 13,31-35

Na oração: 

O Amor originante e fontal de Deus lhe envolve permanentemente; marcado pela gratidão, queira entrar em sintonia, “ajustar-se” ao modo de amar de Deus: amor descendente, amor sem fronteiras, oblativo, aberto, e que se “revela mais em obras do que em palavras”.

- Movido pelo Amor transbordante de Deus, entre no fluxo desse Amor criativo, “descendo” à realidade cotidiana e ali deixando transparecer esse mesmo Amor através de suas obras.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Domingo do Bom Pastor - Escutar é um ato de amor

Texto do Pe. Adroaldo Palaoro, SJ, como sugestão para rezar o Evangelho do 4º Domingo da Páscoa - Domingo do Bom Pastor (Ano C - 2025).

 “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10,27)

Todo quarto domingo de Páscoa é dedicado ao tema do “Bom Pastor”; embora não tenhamos mais relatos que falem de “aparições do Ressuscitado”, o evangelho deste dia deixa ressoar a voz d’Aquele que vive: “Eu lhes dou a vida eterna”. O tempo pascal é fonte de vida e vida em crescente amplitude.

Nesse sentido, a experiência pascal é uma verdadeira “escola de vida”, cuja aprendizagem nos conduz ao centro de nosso ser, para enraizar nossa vida no coração do Ressuscitado, dele haurir a seiva da vida divina e deixar-nos plenificar pela graça transbordante de Deus. Tomamos consciência de uma dimensão profunda que nos permite experimentar uma outra vida, que supera tudo o que vivemos até então.

A vida, desde o mais íntimo de cada ser humano, deseja ser despertada e vivenciada em plenitude. Vida plena prometida por Jesus.

Enquanto “experiência profunda”, o tempo pascal visa despertar nossa vida interior, redescobrindo nossa verdadeira riqueza; ao mesmo tempo, ensina-nos a gerar vida, a partir do “eu profundo”, fazendo-nos viver extasiados diante da gratuidade do amor divino, revelado na Ressurreição de Jesus.

A imagem do Pastor e das ovelhas nem sempre foi bem compreendida; em primeiro lugar, nossa cultura urbana está muito distante da cultura pastoril daquele tempo; em segundo lugar, há uma resistência velada quando se fala de “ovelha” e “pastor”, pois dá a impressão de negar a autonomia e autoria da própria vida.

Além disso, esta imagem tem sido aproveitada por muitas “autoridades religiosas” para justificar o poder religioso, controlar e manipular consciências, gerando, na vida cristã, submissão, subserviência, infantilismo e atrofia da própria autonomia. Ser “pastor” não significa “ter poder”, domínio ou imposição sobre os outros. O próprio Jesus se esvaziou de todo poder e combateu com rigor a tendência dos seus discípulos de aspirar poder e prestígio. Ele fundou uma comunidade de amigos e amigas, centrada na vida d’Ele, e entre amigos não há poder ou controle. Na Igreja não pode haver “pastores” que dominem sobre o rebanho, mas líderes servidores, pessoas que animem e deem testemunho, que impulsionem e abram caminhos, buscadores da verdade, fomentadores da vida. O decisivo é pastorear amando.

No centro da vida cristã está Aquele que se revela como o verdadeiro Pastor, porque desperta e ativa a vida dos seus seguidores e seguidoras. Inspirados pela vida oblativa do Pastor Ressuscitado, todos nós devemos deixar emergir a força do amor e do cuidado na relação com todas as pessoas. Nada mais contrário à imagem do Bom Pastor do que hierarquias petrificadas, busca de poder e prestígio que desumanizam, atitudes ego-centradas que matam o espírito de iniciativa das comunidades cristãs.

Por isso, o evangelho deste domingo insiste na atitude que deve ser comum a todos, independente dos diferentes ministérios na Igreja: “As minhas ovelhas escutam a minha voz”.

Segundo os antigos, “fides ex auditu”, a vem pelo ouvido e, por isso, Jesus nos convida a aguçar a nossa escuta: “Quem tem ouvidos para ouvir que ouça!”.

Na Sagrada Escritura, o exercício do ouvido, a escuta, é prerrogativa tanto de Deus como do ser humano.

O próprio Deus deixa-se perceber pelo ouvido; faz-se “audível” para o ser humano. É Deus mesmo que abre cada manhã os ouvidos dos seus filhos e filhas e os torna atentos(as) para a escuta. Em toda Palavra de Deus existe sempre um dinamismo que nos desnuda e nos traz à nossa verdade original.

Nós cristãos esquecemos que o dever de escutar nos foi dado por Aquele que é o “ouvinte” por excelência, em cuja obra nós somos chamados a colaborar. A escuta é a ocasião para não viver do passado, porque quem escuta de verdade recebe toda palavra como nova e toda música como recém-nascida.

Falamos, falamos demais, mas escutamos e nos escutamos muito pouco. No entanto, temos dois ouvidos e uma só boca, indicando-nos que deveríamos escutar o dobro do que falamos.

A escuta do “Bom Pastor” consiste, em primeiro lugar, escutar-nos a nós mesmos, isto é, o mais profundo e autêntico de nós, fruto da iniciativa criadora e amorosa do Senhor; trata-se daquele lugar e daquela dimensão profunda de nossa vida pessoal onde ressoa aquela Voz inconfundível do Pastor Vivente,

Por isso, não só precisamos aprender a escutar, mas também escutar-nos. Escutar nosso silêncio para poder dialogar com nosso eu profundo, para ver o que há por detrás de nossas palavras, de nossos sentimentos, de nossas atitudes e intenções, de nosso comportamento e vida. É preciso escutar-nos para tentar ir ao coração de nossa verdade, pois, com frequência, repetimos fórmulas vazias, frases ocas, expressões estéreis. Para cultivar o silêncio é imprescindível aprender a calar-nos.

Só poderemos escutar o outro diferente quando nos calamos.

A partir do interior, a atitude de escuta do Mestre se expressa numa atitude de escuta atenta dos outros; a voz do Bom Pastor chega até nós através da voz das pessoas, da criação, da história...

Francesc Torralba assim expressa: “Escutar é um ato de hospitalidade. Consiste em proporcionar um lugar ao outro, em ceder-lhe espaço e um tempo mental e cordial. Escutar é acolher, dar tempo e espaço ao outro, fazer um vazio para que ele permaneça”.

Escutar é um ato de amor, de esvaziamento das próprias ideias e interesses, mas de valorização do outro. Negar a palavra ou a escuta a alguém é ignorá-lo. Saber escutar é o melhor remédio contra a solidão e contra as tensões e conflitos. A melhor atitude para motivar e ajudar uma pessoa é escutá-la. Quando alguém é escutado, ele se sente considerado como pessoa.

Quem não sabe escutar com tempo e paciência, falará sem verdadeiramente “tocar” o outro, sem convencer a si mesmo... Quem crê que seu tempo é muito precioso para ser perdido na “escuta”, não terá tempo para Deus e para o irmão, mas sempre e somente para si mesmo, para suas próprias palavras e preocupações...

No meio da gritaria ensurdecedora do mundo moderno como sintonizar na onda da Voz do Bom Pastor? Como distinguir, no meio de tantas vozes, aquela voz verdadeira que não fala aos ouvidos, e sim aos nossos corações? Jesus não nos pede que sejamos cordeirinhos, mas pessoas adultas e responsáveis por nós mesmos e pelos outros.

Nossa atitude de escuta deve estar antenada na realidade ou nos reduzimos a um mero “ouvir”, sem maiores compromissos. Como ativar uma atitude de escuta, deixando ressoar em nós os clamores que chegam de todos os lados? São diferentes expressões da “voz do Bom Pastor”: o grito da terra e da ecologia, os movimentos de libertação das minorias marginalizadas, as lutas antirracistas, as iniciativas por outra economia e organização social possíveis e que tenha no centro a preocupação pela vida e nas quais as pessoas e o cuidado da Casa Comum estejam em primeiro lugar... A nossa qualidade de escuta está na disponibilidade em fazer do mundo um lugar habitável, sem primeiros nem últimos, segundo o modo de agir de Jesus.

Texto bíblico: Evangelho segundo João 10,27-30

Na oração:

O Divino Pastor, continuamente vem ao seu encontro e o(a) arranca sua vida dos limites estreitos e atrofiados, expandindo-o(a) em direção a horizontes inspiradores.

Inimiga número um da escuta é a “nomofobia” (dependência excessiva dos meios eletrônicos) que impede a escuta e a comunicação sadia com os outros.

A voz do Pastor não se dirige à multidão anônima, mas é chamado pessoal: cada um tem rosto e nome.

- Que voz você está seguindo?

Bem vindo, Leão XIV

O cardeal Robert Francis Prevost foi escolhido no Conclave para suceder o Papa Francisco e será conhecido a partir de agora como Leão XIV. 

A paz (citada dez vezes), a união entre os povos e o papel da igreja católica foram centrais no discurso do novo papa. Leão disse que pretendia trabalhar "com homens e mulheres fieis a Jesus Cristo sem medo para proclamar o Evangelho e para ser missionários."

Compartilhamos a seguir  a íntegra do discurso inaugural do novo papa:

A paz esteja com todos vocês!

Irmãos e irmãos, caríssimos. Esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado, um bom pastor que deu a vida pelo rebanho de Deus. Eu também gostaria que esta saudação de paz entrasse no coração de vocês, alcançasse a família de vocês e todas as pessoas, onde quer que elas estejam, todos os povos, toda a Terra. Que a paz esteja com vocês.

Esta é a paz de Cristo ressuscitado. Uma paz desarmada e uma paz desarmante, humilde e perseverante, que provém de Deus, Deus que nos ama a todos, incondicionalmente. Guardamos ainda nos nossos ouvidos aquela voz fraca mas sempre corajosa do papa Francisco que nos abençoava Roma. O papa que abençoava Roma e dava sua bênção para todo mundo naquela manhã do dia de Páscoa. Permito-me dar prosseguimento àquela mesma bênção. Deus nos ama e Deus ama todos vocês. O mal não irá prevalecer. Estamos todos na mão de Deus.

Portanto, sem medo, juntos, de mãos dadas com Deus e uns com os outros, prossigamos. Somos discípulos de Cristo. Cristo nos precede. O mundo precisa da Sua luz. A humanidade precisa Dele como a ponte para ser alcançada por Deus e por seu amor. Nos ajudem também, uns aos outros, a construir pontes, com diálogos, com encontro, em um único povo,sempre em paz. Obrigado, papa Francisco.

Quero agradecer também todos os irmãos cardeais que me escolheram como sucessor de Pedro para caminhar junto com vocês enquanto Igreja unida, sempre em busca da paz e da justiça, e sempre tentando trabalhar com homens e mulheres fieis a Jesus Cristo sem medo para proclamar o Evangelho e para ser missionários.

Sou um filho de Santo Agostinho, sou agostiniano. Sou cristão e, por vocês, bispo. E, nesse sentido, como ele disse, podemos caminhar juntos em direção àquela pátria para qual Deus nos preparou.

Para a Igreja de Roma uma saudação especial. Precisamos tentar juntos ser uma Igreja missionária, uma Igreja que constrói pontes e diálogo, sempre aberta a receber como nesta praça, com os braços abertos todos aqueles que precisam de nossa caridade, nossa presença, diálogo e amor.

[Fala em espanhol]

Se me permitem também dizer algumas palavras a todos aqueles a todos, em especial a minha querida diocese de Chiclayo, no Peru, onde um povo fiel acompanhou seu bispo, compartilhando sua fé, e deu tanto para continuar sendo uma Igreja fiel a Jesus Cristo.

[Volta a falar em italiano]

A todos vocês, irmãos e irmãs de Roma, da Itália e de todo o mundo, queremos ser uma Igreja sinodal. Uma Igreja que avança, que busca sempre a paz, busca sempre a caridade, busca sempre estar próxima, principalmente daqueles que sofrem.

Hoje, o dia da súplica para a Madonna de Pompeia, nossa Mãe, Maria, quer sempre caminhar conosco, estar próxima, e nos ajudar com sua intercessão e seu amor. Gostaria de rezar junto de vocês, vamos rezar juntos por essa nova missão de toda a Igreja e a paz no mundo, pedindo graças à Maria, nossa Mãe.

[Reza Ave Maria]

[Reza Urbi et Orbi em latim]

Que os Santos Apóstolos Pedro e Paulo, dos quais no poder e julgamento confiamos, estes intercedam por nós até o Senhor. Amém.

Que por meio das orações e dos méritos da Santíssima Sempre-Virgem Maria, de São Miguel Arcanjo, de São João Batista, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e de todos os santos, o Deus omnipotente mostre compaixão à vós, e perdoados todos os vossos pecados, Jesus Cristo vos conduza à vida eterna. Amém.

Que o Senhor Todo Poderoso e misericordioso vos conceda indulgência, absolvição, e remissão de todos os vossos pecados, espaço para um verdadeiro e frutuoso arrependimento, o coração arrependendo-se sempre, e a benção da vida, a graça, a consolação do Espírito Santo e perseverança final nas boas obras. Amém.

E que a bênção de Deus Todo Poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo desça sobre vós e permaneça sempre. Amém.